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Bahia é líder em diferença salarial no país

Estado passou de 8º para 1º lugar no ranking de 2016 para 2017

A música Xibom Bombom, lançada em 1999 pela banda baiana As Meninas, nunca esteve tão atual. O trecho “onde o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o de baixo desce” pode resumir a situação dos rendimentos na Bahia apontada pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. O estado foi o que mais aumentou a desigualdade salarial de 2016 para 2017, subindo da oitava para a primeira posição.

Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a pesquisa Rendimento de Todas as Fontes apontou ainda que o estado é um dos que mais concentram a renda nas mãos de poucos. O levantamento mostrou também que a quantidade de famílias baianas que recebem programas de transferência de renda do governo está bem acima da média nacional.

“Os números de 2016 e 2017 mostram uma queda na renda dos mais pobres, influenciada principalmente pela pressão do aumento dos desempregados sobre os salários mais baixos do mercado de trabalho, mas também pelos cortes no programa Bolsa Família. A própria Pnad Contínua estimou 1,4 milhão de famílias recebendo o Bolsa Família na Bahia em 2017, enquanto em 2015 eram 1,8 milhão. O aumento da desigualdade em maior proporção que outras regiões do país se dá porque somos mais dependentes de transferência de renda do que os demais estados”, explica Armando Castro, diretor de pesquisas da Superintendência de Estudos Econômicos (SEI).

O movimento foi em sentido contrário ao do país como um todo, onde a distância entre os que ganham mais e os que ganham menos se manteve relativamente estável, com uma pequena redução.

Em 2017, na Bahia, os 10% de trabalhadores com maiores rendimentos ganhavam, em média, 18 vezes o salário da metade dos trabalhadores que ganhavam menos. Essa diferença havia sido de 13 vezes em 2016. No Brasil, a distância permaneceu em 12 vezes de um ano para o outro.

De um ano para o outro, o salário médio real (descontada a inflação) dos 10% da parcela de trabalhadores com maiores salários aumentou 31,7%, passando de R$ 5.946 para R$ 7.833, enquanto o rendimento médio de trabalho dos demais 90% caiu 0,9%, de R$ 892 para R$ 884.

Índice comprova
O aumento da desigualdade nos rendimentos de trabalho na Bahia, entre 2016 e 2017, é comprovado pelo Índice de Gini, que mede a desigualdade em uma distribuição que vai de 0 a 1, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1.

No ano passado, o estado teve o maior Índice de Gini (ou a maior desigualdade) do país para os rendimentos de trabalho efetivamente recebidos: 0,599. O índice foi maior que em 2016 quando havia sido de 0,537 e acima da média nacional, que foi de 0,524 em 2017 e 0,525 em 2016. Conforme o IBGE, isso indica que nacionalmente o índice se manteve estável com uma leve tendência de queda, enquanto cresceu na Bahia.

“Tivemos outros estados do Norte e Nordeste com o mesmo movimento [de aumento da desigualdade salarial], mas não tão intenso quanto na Bahia. A razão é a mesma: as pessoas que estão menos vulneráveis no mercado de trabalho foram pouco afetadas pela crise em 2016 e 2017. Esse é o lado cruel da crise, que acaba prejudicando mais quem tá em situação mais desfavorável”, explica Mariana Viveiros, analista de informações do IBGE.

Os estados com menores desigualdades entre os rendimentos de trabalho, em 2017, foram Santa Catarina (0,408), Rondônia (0,438) e Mato Grosso (0,446).

Renda per capita
O aumento nos rendimentos de trabalho na Bahia foi o principal responsável pela alta de 7,6% no rendimento médio mensal real domiciliar per capita no estado (soma de todos os rendimentos do domicílio dividida pelo total de pessoas que moram nele), que passou de R$ 803 em 2016 para R$ 864 em 2017.

Este foi o quarto maior aumento no rendimento domiciliar per capita entre os estados e variação bem acima da média nacional (-1,1%, de R$ 1.285 para 1.271). Ainda assim, em 2017, o rendimento domiciliar per capita na Bahia estava 32% abaixo da média do país, era menor que o salário mínimo no ano (R$ 937) e ficava em 17º lugar entre os 27 estados (em 2016, era o 20º).

Armando Castro, diretor de pesquisas da SEI, ressalta que números do Ministério do Trabalho também mostraram que o salário dos desligados é maior que os salários dos contratados. “O aumento acentuado do desemprego exerce uma pressão sobre os salários. A tendência é de queda na remuneração, uma vez que os novos contratados terminam entrando com salários mais baixos”.

O rendimento de trabalho representava quase 70% do rendimento domiciliar per capita na Bahia (69,5%), menos do que a média nacional (73,8%), mas com um aumento de participação em relação a 2016 (67,5%). Os rendimentos de outras fontes reduziram um pouco sua participação no rendimento domiciliar per capita dos baianos: de 32,5% para 30,5%.

Tanto no Brasil quanto na Bahia, dentre os rendimentos de outras fontes, que não o trabalho, o mais importante é o de aposentadorias e pensões, que representa 1/5 do rendimento médio domiciliar per capita tanto no país (19,4%) quanto no estado (20,5%). Em seguida vêm os chamados outros rendimentos, que representam 6,3% na Bahia – quase o dobro da média nacional (3,3%).

Quase um terço das famílias recebe Bolsa Família
Na Bahia, 27,9% dos domicílios recebiam Bolsa Família em 2017. O estado era o oitavo maior percentual entre os demais e praticamente o dobro da média nacional: no Brasil, em 2017, 13,7% dos domicílios eram beneficiados pelo programa.

“A Bahia é o sétimo estado mais pobre da federação, o que justifica um elevado número de beneficiários do programa Bolsa Família. Em contrapartida, é o estado que mais reduziu pobreza nos últimos 12 anos”, diz Armando Castro, diretor de pesquisas da SEI.

Em relação a 2016, quando 28,8% das residências na Bahia recebiam Bolsa Família, o percentual de atendimento do programa caiu no estado (menos 37.904 domicílios). No país também houve uma pequena redução no percentual de domicílios atendidos (era 14,3% em 2016), o que representou menos 326 mil.

Na Bahia, 1,4 milhão de domicílios beneficiados pelo Bolsa Família em 2017 tinham, em média, mais moradores (4,6) do que aqueles não atendidos (3,3) e um rendimento domiciliar per capita de R$ 280, ou quase 1/4 do rendimento daqueles não atendidos pelo programa (R$ 1.189).

“Ter um elevado número de pobres, evidentemente não é um bom indicador. Mas se entendermos que o mecanismo de combate a pobreza que se mostrou mais eficaz nos últimos anos é a transferência direta de renda, é positivo que parte de nossa extrema pobreza esteja sendo beneficiária do programa”, acrescenta Castro.

Nacionalmente, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita dos domicílios que recebiam o Bolsa Família em 2017 foi de R$ 324, bem inferior ao rendimento médio mensal real domiciliar per capita dos que não recebiam, de R$ 1.489.

Os domicílios beneficiados pelo programa tinham ainda menor cobertura dos serviços de saneamento básico, sobretudo a coleta de esgoto (36,2% dos domicílios com Bolsa Família eram atendidos, frente a 63,4% entre os não atendidos).

A presença de bens duráveis também era menor nos domicílios atendidos pelo Bolsa Família, sobretudo da máquina de lavar (existia em 14,9% dos domicílios com Bolsa Família na Bahia e em 39,6% daqueles não atendidos) e computador (estavam em 15,7% dos domicílios atendidos pelo programa e em 38,1% daqueles não atendidos).

Os dados da pesquisa indicam ainda que os maiores percentuais de famílias que recebiam algum tipo de benefício dos programas de transferência de renda do governo estavam localizados, no ano passado, nas regiões Norte e Nordeste, com respectivamente 25,8% e 28,4% dos domicílios.

Fonte | Correio24horas

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