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27ª Parada do Orgulho LGBT+ faz apelo por políticas sociais: ‘Fervo também é luta’

Participar de uma Parada do Orgulho LGBT+ e ver a felicidade no rosto das pessoas que estavam presentes foi um divisor de águas na vida de Diego Oliveira, que atualmente é um dos organizadores do evento. Criado na periferia de São Paulo, ele frequentava a igreja protestante Adventista do Sétimo Dia e quase se tornou pastor. “Estava em um momento da minha vida que não queria mais viver e encontrei na Parada pessoas que estavam sendo elas, sendo felizes, e eu queria aquela alegria. Isso me ajudou muito. Então, hoje, poder contribuir para a organização desse evento é querer que outras pessoas tenham esse mesmo sentimento que tenho agora, que é o de dormir em paz e poder ser feliz sendo quem eu sou, apesar de ter boletos para pagar”, brincou o diretor da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) em entrevista à Jovem Pan. A 27ª edição do evento acontece neste domingo, 11, na Avenida Paulista. Ao longo de toda a Parada, estima-se a participação de 3 milhões de pessoas, que irão se reunir não apenas para curtir as apresentações dos 19 trios elétricos, mas também para protestar. 

Engana-se quem acredita que o evento é apenas para gerar divertimento. Por trás dos shows, das cores e da sensação de liberdade, há vozes que necessitam ser ouvidas. O diretor da APOLGBT-SP pontuou que a Parada LGBT+ nasceu nos Estados Unidos no final da década de 1960 como resultado de uma revolta pela perseguição que a comunidade sofria em um bar chamado Stonewall Inn. “Quando a Parada veio para o Brasil [em 1997], ela veio com a necessidade de se ter orgulho, de mostrar para a sociedade que nós somos pessoas, que somos livres e temos nossos trabalhos. A cada ano, os temas da Parada vêm trazendo isso. Estar em um domingo na Avenida Paulista, cartão postal da cidade, é um movimento político e mostramos que fervo também é luta”, afirmou. “Algumas pessoas passam o ano dentro do armário, escondidas, tristes e sem ser quem elas são, sem ter uma vida digna, e a Parada é um dia que você pode ser quem você é, pode estar de mãos dadas com quem você quer, pode usar a roupa que você quer e estar com seus amigos sem precisar usar uma máscara.” Para Diego, o evento mostra a necessidade de lutar por uma vida assim, sem preconceito, discriminação e violência, seja ela escancarada ou velada. “Não é só entretenimento, é ser quem você é e ter orgulho.”

Direitos para todos

Este ano, a Parada aborda o seguinte tema: “Queremos políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade”. A escolha foi feita após muitas discussões, que começaram no “Que Parada Nós Queremos?”, fórum que conta com a participação de ativistas, ONG’s e coletivos que trabalham com pautas de direitos humanos voltados à comunidade LGBT+. Entre reuniões e mobilizações nas redes sociais, notou-se a urgência de um olhar mais sensível para quem está em situação de vulnerabilidade. “Isso inclui pessoas que foram expulsas de suas casas, que não conseguem trabalho ou que tentam acessar algum tipo de programa ou política pública, mas não há uma especificidade para ela, é o caso do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Também tem a questão regional. Em São Paulo, temos centros de acolhida e várias políticas públicas a nível municipal para atender a comunidade, mas quando você vai para uma cidade vizinha, tem uma câmara de vereadores votando que família é só homem e mulher cis”, comentou Diego. “O que a gente pede é que tenha uma política a nível nacional para que as pessoas não fiquem vulneráveis e para que todos possam ser acolhidos da mesma forma.” 

Acessibilidade e homenagens 

Para se tornar mais inclusiva, desde 2017, há uma parceria entre a APOLGBT-SP e a Secretaria da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo. “As pessoas cadeirantes e com mobilidade reduzida tinham medo de ir à Parada por não saberem se teria acessibilidade. Esse ano, a Prefeitura conseguiu desenvolver uma estrutura que fica há uns 50 cm do chão para que essas pessoas possam assistir à Parada. Além disso, há intérpretes de libras nos trios elétricos e voluntários que vão auxiliar esse público. Vamos ter também apresentações de artistas deficientes”, adiantou Diogo, que também falou sobre as novidades do evento. “Uma das coisas legais deste ano são as homenagens em alguns trios, dentre eles o trio HIV/Aids, que vai fazer uma homenagem ao Jorge Beloqui, um ativista do movimento de luta contra a Aids. O trio trans vai trazer os nomes de travestis, mulheres e homens trans que foram assassinados. Já no primeiro trio, a gente traz uma homenagem a Kaká Di Polly, que foi uma drag queen que participou das primeiras edições da Parada. São nomes que não devem ser esquecidos, mas sim celebrados. Teremos shows de vários artistas e teremos duas surpresas muito legais no último trio para fechar a Parada, será um momento bem sensível.”

 

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