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Indígena agredida por PMs passa mal e é internada em hospital no sul da Bahia

Priscila Muniz, a indígena agredida por policiais militares em uma festa do sul da Bahia, passou mal nesta quinta-feira (21) e precisou ser internada no Hospital Arlete Magalhães, localizado no município de Pau Brasil.

A mulher de 31 anos foi golpeada na cabeça – e outras partes do corpo – por PMs que faziam a segurança da festa de aniversário da cidade na última segunda-feira (18).

A família de Priscila conta que ela passará a noite em observação no hospital e não previsão de alta. Ela continua tendo episódios de desmaio e tontura e está recebendo soro.

Veja vídeo:

Procurada pelo CORREIO, a Polícia Militar informou que o fato ocorreu durante micareta realizada no município de Pau Brasil, na madrugada de terça-feira (19), evento policiado pela 62ª CIPM.

Na ocasião, de acordo com a PM, policiais da unidade que faziam patrulha no evento avistaram um casal arremessando garrafas de vidro no circuito, o que poderia ferir os demais foliões.

“Quando os PMs se aproximaram, o homem e a mulher passaram a atirar garrafas de vidro na direção da patrulha, chegando a atingir um militar na mão”, afirma em nota.

O homem e a mulher foram contidos e, juntamente com o PM ferido, levados a uma unidade de saúde para atendimento médico e, em seguida, apresentados à delegacia territorial de Pau Brasil para adoção das medidas legais.

A PM ainda informou que está ciente das imagens registradas e publicadas nas redes e sociais e esclarece que determinou a imediata apuração do fato.

“A PM reafirma seu papel constitucional de proteção da sociedade e afirma que não coaduna com quaisquer excessos eventualmente cometidos por seus agentes”, conclui.

Em resposta às afirmações da polícia, a família de Priscila diz que a versão de que ela e o marido, Douglas Silva, de 24 anos, estavam atirando garrafas de vidro é falsa.

“Não houve isso. O vídeo mostra como eles estavam se comportando e como estavam sendo agredidos. Porque eles (policiais) não mostram o vídeo deles (Priscila e o marido) atirando as garrafas? Porque não mostram o ferimento dele (do PM) como está sendo mostrado o de Priscila?”, diz o Cacique Nailton Muniz, tio de Priscila, que reforça a acusação de racismo feita também por sua sobrinha.

“Agora eles vão tentar se defender de maneiras baixas, tentando jogar a acusação para cima de Priscila”, diz o tio.

Relembre o caso

O aniversário de 60 anos da cidade de Pau Brasil, no sul da Bahia, foi manchado por um episódio de violência. Durante a festa realizada na noite da última segunda-feira (18), uma mulher indígena Pataxó HãHãHãe foi agredida por policiais militares e teve sérios ferimentos na cabeça, além de escoriações por todo o corpo.

Priscila Muniz, de 31 anos, estava na festa com o marido quando ele decidiu passar próximo a uma equipe da PM, que não teria gostado da aproximação e lhe atingido com um cassetete. “Não teve motivo nenhum, ele apenas pediu licença para passar, aí eles agrediram meu esposo. Quando eu pedi para que eles não fizessem isso porque a gente só estava passando eles me agrediram. Não tem lógica! A única coisa que eu posso dizer é preconceito contra nós indígenas”, comenta.

As imagens foram compartilhas nas redes sociais pela jovem liderança Pataxó HãHãHãe Fabrício Titiah, e rendeu centenas de respostas. O vídeo mostra Priscila e o esposo sendo agredidos e caindo no chão, enquanto os policias seguem desferindo golpes. Ela ainda tenta argumentar com os PMs enquanto o sangue escorre da sua testa

A mulher chegou a desmaiar e foi levada ao hospital do município pelo seu tio, o Cacique Nailton Muniz. Priscila teve um corte extenso na cabeça e precisou levar pontos. Ela já se recuperou do choque inicial, mas ainda se diz revoltada com a situação. O marido, Douglas Silva, não teve seu estado de saúde revelado.

“Agredir uma pessoa assim sem ela ter feito nada é abuso de poder”, diz Priscila.

Segundo o Cacique Nailton, o caso foi registrado no Complexo Policial de Pau Brasil e Priscila esteve em Itabuna nesta quarta-feira (20) para a realização do exame de corpo de delito.

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