A Polícia Militar afirmou ter encontrado com Samuel Caio dos Santos de Oliveira, 15 anos, morto na comunidade da Baixa Fria, na Boca do Rio, na quinta-feira (21), um revólver calibre 38, com quatro munições deflagradas e uma intacta, 84 pedras de crack, 20 porções de maconha e 29 de cocaína embaladas para a comercialização. A família nega essa versão.
De acordo com a corporação, policiais militares da 39ª CIPM (Boca do Rio/ Imbuí) foram acionados por um popular, que informou ter sido ameaçado por criminosos armados que traficavam drogas na Rua João Nunes da Mata, na Boca do Rio.
A PM afirmou que a guarnição encontrou um grupo de homens armados no local e que eles efetuaram disparos contra os militares. Houve revide, e os suspeitos fugiram, mas, ao continuar com as buscas, os policiais encontraram o corpo de Samuel, que, segundo eles, foi imediatamente socorrido para o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS).
Com ele, a polícia disse ter encontrado o material ilícito, mas a mãe de Samuel, Cintia Oliveira, negou a versão da PM. Ela afirmou que não houve troca de tiros, que o seu filho estava sozinho no local, saindo de casa. “Ele [o policial] matou e ainda falou ‘fala, fala, fala’, o menino não tinha nada pra falar e ele deu o restante do tiro na cara. É tudo mentira, meu filho não tinha droga, não tinha nada”, alegou a mãe.
O material apreendido foi encaminhado para a Corregedoria da PM, onde o fato foi registrado.
“Eu só tenho uma coisa pra dizer pra eles: a justiça de Deus tarda, mas não falha. E que eles precisam arranjar outra justificativa para esses casos, porque esse negócio de confronto já está manjado, já está feio”, disse a mãe de Samuel.
Cintia informou ainda que os policiais atiraram em Samuel depois que ele gritou por ela. “Ele gritou ‘mainha’ e eu só ouvi os tiros”. Ainda segundo ela, o adolescente era usuário de maconha, mas que não comercializava. “Eles [a PM] vão falar essa história sempre, vão tirar um filho de uma mãe e vão sempre justificar falando que foi confronto e que ele tinha droga, mas a justiça de Deus vai ser feita”, finalizou.
Na sexta-feira, familiares e amigos fizeram um novo protesto na comunidade da Baixa Fria, na Boca do Rio, após a morte do adolescente.