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Opinião: Mesmo líder, Bahia não dá paz ao torcedor

Torcer é uma tarefa complicada e não tem explicação racional e simples que dê conta. O torcedor gasta dinheiro, chega tarde em casa, no meio da semana, sabendo que vai acordar cedo no dia seguinte. Grita, canta e xinga (principalmente, xinga! Eu diria até que aprendi a xingar de verdade no estádio). 

Vê o time jogar mal, perder as poucas chances de gol criadas, errar feio, deixar o adversário gostar do jogo e quase abrir o marcador.

No jogo contra o Sampaio Corrêa, o Bahia fez questão de testar bastante o coração do torcedor. Na arquibancada, a galera de pé, tomando chuva, insistia: vai que dá!

Até que finalmente deu. Demorou muito, foi literalmente no último minuto do primeiro tempo, depois de um bate e rebate danado, um vai não vai, que Daniel deu um jeito de botar a bola na rede do gol adversário. 

Ao som do apito do juiz, alguns torcedores continuam sentados, esperando; outros vão comprar alguma coisa. Mas sem muita conversa. O placar é de um a zero, mas não é UM A ZERO maiúsculo. Está ganhando, mas daquele jeito… O torcedor sofre, preocupado. 

O Bahia não deixa o torcedor em paz, não o deixa relaxar. O torcedor não pode tomar nem um gole de cerveja tranquilo. 

O segundo tempo trouxe mais chances perdidas, teorias sobre o novo corte de cabelo de Jacaré para aliviar a tensão e os dois times desabando em campo. O Bahia por causa da catimba, o Sampaio Corrêa pelo desgaste.

Os acréscimos chegam para fazer sofrer um pouco mais. É a regra fundamental de ser torcedor. Ainda mais em um jogo de vantagem magra. 

Já passava bastante de onze horas da noite quando o juiz deu fim ao sofrimento geral e agora, sem o peso de “tudo pode acontecer” a torcida flutua – ensopada de chuva, mas flutua. 

E o Bahia segue invicto na Série B. 

Um a zero vale, garante os três pontos e, pelo menos até a próxima partida, alivia. Ainda não empolga, deixa o pé atrás, mas alivia. Torcer não precisa de explicação: o Bahia vence, não convence, o futuro preocupa.

Mas agora não importa, porque o torcedor pode dizer “Segue o líder!” e até a próxima partida é o que interessa. O mesmo time que dá essa alegria é o que não deixa relaxar. Torcer é complicado.

A opinião do autor não reflete necessariamente a do CORREIO.

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