Numa brincadeira de bastidores, Carlinhos Brown e Héloa definem yLDé, o novo disco da cantora, como ‘peba’. Mas não é naquele sentido da gíria que a gente adora. Vem da fusão do PE de Pernambuco com o BA de Bahia. É que em seu terceiro álbum, a cantora sergipana de 33 anos vai fundo nas conexões culturais e musicais dos dois estados, sobretudo pela aproximação com Brown, que assina direção musical e arranjos em parceria com o pernambucano Yure Queiroga – além de tocar em todas as dez faixas.
Mas é bom que se diga que são as origens de Héloa que dão liga do belo álbum, lançado nas plataformas digitais pelo Candyall Music, selo de Brown. Ela explica que enxerga o trabalho como uma espécie de continuação de Opará (2019), no qual cantou de forma mais explicita suas raízes culturais e religiosas, mergulhando no imaginário do rio São Francisco, no sertão e nas matrizes africanas e indígenas.
O nome do álbum, explica, é uma palavra em yorubá que significa retornar. Héloa conta que após viver quatro anos em São Paulo retornou para Aracaju e passou o último ano da pandemia morando em Recife, quando escreveu a maioria das canções de yLDé, algumas em parceria com Yure, com quem é casada. “É um retorno também nesta busca de tentar me reconhecer como mulher afroindígena, procurando esta identidade do Brasil profundo”, define a cantora, que também é educadora e iniciada no candomblé no terreiro Ilê Axé Omim Mafé, na cidade de Riachuelo (SE).
Foi nesse período que ela conheceu Brown e o Candeal, apresentou suas canções e acabou aceitando o convite de trabalhar com ele. São canções que falam de cura (Todo Corpo), do feminino (Realeza), de se conectar com a ancestralidade e a natureza (Conectar, Tambor), e do encontro “curativo” com a espiritualidade (Nosso Altar e Bela Oyá).
Entre os seis feats, quero destacar as presenças catalizadoras de Lia de Itamaracá em Odocyá (já lançada em single) e de Seu Mateus Aleluia (Velho Orixá). Seu Mateus ainda volta com Luiz Caldas em Deixar Girar, que encerra o disco em alto astral, saudando os orixás. Tudo isso, como friza a cantora, embalado numa roupagem pop e dançante, que flerta com o reggae, a ciranda, o funk e o samba-reggae, e incorpora pitadas eletrônicas. “A ideia é mesmo ressignificar a tradição”, resume Héloa, que também canta com Margareth Menezes, com o Maestro Spok e com o grupo indígena Sabuká Kariri-Xocó.
Todo o processo e encontros que resultaram no algum foi registrado em um documentário, que deve ser lançado ainda este semestre.
Diogo Nogueira faz show na Concha Acústica (Foto: Guto Costa/divulgação) |
Fim de semana
1.Diogo Nogueira na Concha – De volta à estrada, Diogo Nogueira leva muita cadência e charme à Concha Acústica neste domingo (1), quando apresenta o show do projeto audiovisual Samba de Verão, gravado em 2020 em uma balsa flutuante ba Baía de Guanabara e lançado este ano. O projeto, que tem 3 álbuns e 42 canções, celebra e renova as tradições da velha guarda com sambas antológicos, canções inéditas, além dos sucessos já conhecidos do artista carioca. , como a nova Bota Pra Tocar Tim Maia, Clareou e Sou Eu, Andança, em homenagem a Beth Carvalho, e Espelho, de seu pai João Nogueira. Ingressos: R$ 120 | R$ 60 (arquibancada) e R$ 240 | R$ 120 (camarote). Assinantes Clube CORREIO têm 40% de desconto sobre a inteira.
2. Dorival Caymmi – Para marcar o aniversário de Dorival Caymmi, que completa 108 anos neste sábado (30),às 22h15, o canal Curta! Exibe o documentário Dorivando Saravá, o Preto que Virou Mar, do diretor Henrique Dantas, que contemplar a forma de existir e de pensar do cantor e compositor baiano, como se ele pudesse se transformar em um verbo: dorivar.. Repirse domingo (1), 15h.
3. Sarau da Osba – O tenor português João Mendonza é o convidado do Sarau do Sonho, da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), que acontece neste sábado (30), às 18h, na Casa Rosa, no Rio Vermelho. Com regência do maestro Carlos Prazeres, o espetáculo é inspirado em Sonho de uma Noite de Verão, composta pelo alemão Felix Mendelssohn (1809-1847), a partir da peça de William Shakespeare (1564 – 1616). Os ingressos para a apresentação, que terá a regência do maestro Carlos Prazeres. Ingressos: R$ 20 | R$ 10, à venda no Sympla..
4. Arte indígena – A Feira Artesanato Indígena vai reunir produtos de artesãos e artesãs dos povos indígenas Tupinambá, Tumbalalá, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Kiriri-Xocó, Xuku-Kariri, Kiriri, Tuxá, Xukurú e Funiô, neste fim de semana, das 15 às 21 horas, no Museu de Arte Moderna (MAM). Na programação da feira, o Projeto Rede Sonora, capitaneado pelos músicos Amadeu Alves e Fabrício Rios, vai realizar uma apresentação no sábado (30), às 17h. Já no domingo (1), às 18h, o cantor Gerônimo vai encantar o público em um show especial. Entrada gratuita.