Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos, na Câmara de São Paulo, foram interrompidos nesta terça-feira (3) depois que a frase “É coisa de preto, não é?” vazou de um dos microfones. A reunião ocorria presencialmente, mas parte dos vereadores participava de forma remota. O áudio vazado veio de um dos microfones dos vereadores que participavam remotamente da sessão. A voz é de um homem.
De acordo com a vereadora Elaine Mineiro, do mandato coletivo Quilombo Periférico (Psol), o vereador que proferiu a frase foi Camilo Cristófaro (PSB). “Nesta manhã, durante a reunião da CPI dos Aplicativos, o vereador Camilo Cristófaro foi flagrado dizendo ‘Não lavaram a calçada, é coisa de preto né?’ Ainda hoje tomaremos as ações necessárias para a devida punição do vereador e exigimos uma postura condizente da Câmara Municipal de São Paulo”, diz texto publicado nas redes sociais do mandato coletivo.
A assessoria do vereador Camilo Cristófaro foi procurada pela reportagem da Agência Brasil, mas não se manifestou.
Em nota, o presidente da Câmara, Milton Leite, afirmou lamentar o ocorrido e disse que o caso será apurado. “É com uma indignação imensa que lamento mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos. Como negro e presidente da Câmara, tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também”.
A vereadora Luana Alves (Psol) informou que entrará com representação na corregedoria da Casa para apurar o ocorrido. “Racismo na Câmara de São Paulo. Em áudio aberto de vereador em plenário virtual, a frase ‘Não lava nem a calçada. É coisa de preto, né?’ foi proferida em meio à sessão da CPI dos Aplicativos. Entrarei com representação na corregedoria para que seja investigado pela casa”, disse, em comunicado nas redes sociais.