Para quem trabalha em horário padrão, é praticamente impossível chegar na Arena Fonte Nova às 19h. Boa parte dos torcedores, então, não viu os dois primeiros gols do Bahia.
Todo mundo sabe a correria que é chegar atrasado no jogo, a subida apressada e dolorosa até o lugar, sem tempo de comer ou beber nada: é sentar, respirar um pouco e ficar de pé de novo.
E pensar que lá no Recife tentaram proibir o radinho de pilha nos estádios: como ficaria a informação para a massa tricolor que, por circunstâncias do destino (ou do sistema) não chegou a tempo? Não tem celular que substitua (nem bateria que aguente)! Ainda bem que a ideia de jerico morreu por lá mesmo.
De todo modo, ainda no primeiro tempo, veio o terceiro gol. O Londrina facilitou e o Bahia, mais uma vez, soube aproveitar. Ninguém mandou vacilar: futebol é um esporte cruel.
Segundo tempo e, diante de um Londrina que não esboçava reação, o Bahia presenteou mais uma vez o torcedor/trabalhador: quarto gol. Contra-ataque fulminante e sapatada de Marco Antônio.
Daí em diante, o jogo se desenrolou em ritmo de treino. Segundo o informe no estádio, 13.440 pessoas assistiram ao passeio do Bahia, com direito a cenas cômicas como bolada em jornalista e até juiz atropelado.
Jacaré entrou e agora é apenas um personagem curioso. Gol que é bom não faz, mas inventou a tradição de ostentar um visual diferente a cada partida. E o baile tricolor foi tão tranquilo que até Douglas Borel terminou uma partida em campo, olha só!
Na próxima, vai ficar difícil segurar o torcedor/trabalhador no serviço até as 18h – ninguém vai arriscar chegar atrasado, vai que?
*Pedro Duarte é jornalista, apresentador do podcast NerdBunker. Texto opinativo, e a opinião do autor não reflete necessariamente a do CORREIO.