Com certeza, foi a viagem desgastante. O estádio apertado do time do Azuriz, a neblina, o uniforme branco ou a sunga da sorte que o torcedor colocou para lavar e não deu para usar.
Foi coisa do dia 10 de maio, do signo de Touro, da lua crescente. A temperatura de 16 graus e iluminação esquisita do Estádio Os Pioneiros.
Sem falar da alergia que o Bahia tem de vitórias importantes, alergia ao prêmio de R$ 3 milhões que receberia ao classificar para a próxima fase.
Talvez tenha gasto os gols no jogo anterior, quando venceu o Londrina por quatro a zero.
Outra hipótese é que ficava difícil armar um time que vencesse impedido de colocar alguns jogadores em campo por causa do regulamento.
Aí, você veja, tantas adversidades, para o Bahia se classificar, só um milagre.
E não é que o tal milagre veio? Ou vai dizer que o gol de Marcelo Ryan que, aos 19 anos, se jogou e entrou na rede com bola e tudo não foi daquelas artimanhas do futebol?
Veio a disputa de pênaltis, com direito a chuva para limpar a maré de azar e qualquer teoria conspiratória que eu inventei anteriormente.
Finalmente, depois de tirar o sono do torcedor, o Bahia se classificou para a próxima fase e evitou o vexame que seria perder para um time da Série D.
Nunca é fácil, como disse o jogador Marco Antônio depois do jogo: “Jogar no Bahia é assim”. E torcer também, como é que dorme depois de um jogo desses?
Pedro Duarte é jornalista, escritor e apresentador do podcast This is Brazil.