O mercado automotivo vive de ciclo e fatores externos mudam a trajetória de alguns modelos. A perda do poder aquisitivo da classe média, principal compradora do Civic, fez a Honda rever a estratégia do modelo para o mercado brasileiro. Com o segmento de sedãs em baixa, a empresa deixou de produzir o carro aqui depois de 24 anos, e vai importa-lo da América do Norte a partir do último trimestre.
O fabricante japonês também deixou de produzir o Fit, que foi ofertado por 19 anos no país, e a sua variante aventureira, o WR-V. Esse último deixou um gosto amargo: foi desenvolvido no Brasil e a sua descontinuidade foi ruim para imagem da filial com a matriz.
Baseado no Honda Fit, o WR-V deixou de ser produzido no final de 2021 |
A brasileira Caoa, que atua na produção, distribuição e importação de veículos perdeu recentemente o seu fundador, Carlos Alberto de Oliveira Andrade. Ele era o principal executivo do grupo e sua ausência já começa a ter reflexos: a empresa paralisou a linha de produção em Jacareí, no interior de São Paulo. Por lá, eram produzidos dois modelos frutos de sua parceria com a chinesa Chery: Tiggo 3X e o Arrizo 6.
De acordo com a Caoa Chery, o sedã será importado da China. O Tiggo 2 e o Tiggo 3X, lançado no ano passado, deixam o mercado. Manter um veículo apenas um ano à venda arranha a imagem de uma empresa que está se consolidando no país.
A Caoa também é parceira da Hyundai e deixou de produzir em Goiás o ix35. Esse veículo corresponde à segunda geração do Tucson, que atualmente está em seu quarto ciclo. A empresa continua montando a terceira geração, que denomina no país como New Tucson.
O ix35, que finalmente deixou de ser produzido, corresponde à segunda geração do Tucson |
Depois de 11 anos, o Mitsubishi ASX também deixou de ser montado na unidade da HPE Autos em Catalão, Goiás. No mercado brasileiro desde 2010, o crossover começou a ser produzido no interior goiano três anos depois, e foi substituído pelo Outlander Sport.
O Mitsubishi ASX foi importado e, posteriormente, produzido em Goiás |
Próximos do adeus
A Volkswagen já deu sinais de que este é o último ano do Gol, vitorioso hatch que está há 42 anos no mercado – sendo líder de mercado 27 vezes. Atualmente, o Gol e sua variante sedã, o Voyage, estão sendo oferecidos em versão única, com apenas uma opção de motor e transmissão manual. Da família Gol, ficará apenas a Saveiro.
O veterano Gol, da Volkswagen, está em seu último ano de produção |
Recentemente, a VW deixou de produzir o Fox e o up!. O portfólio do Jetta também foi enxugado: agora, só é oferecido na versão esportiva GLI. No caso do sedã, a estratégia é fortalecer o Taos, SUV que foi lançado no ano passado.
Versões extintas
Há também casos de versões que deixaram de ser produzidas. Duas configurações que fizeram sucesso foram suprimidas: Hyundai HB20X e Renault Sandero RS.
A Renault até produziu uma série de despedida para o Sandero RS |
O aventureiro da Hyundai tinha a menor demanda da linha (10% do mix de vendas) e preços que se aproximavam da primeira geração do Creta, que convive com a nova.
Na Renault, o que levou à saída do Sandero RS foi o fim da produção do motor 2 litros que o equipava. O propulsor não estava adequado às novas normas de emissões de poluentes e não era viável a sua atualização.
A propulsão defasada também levou embora modelos da Fiat, entre eles, os veteranos Uno, Grand Siena e Doblò. Argo e Cronos perderam versões que utilizavam o motor 1.8 e a configuração aventureira do hatch, a Trekking, agora só conta a propulsão de 1.3 litro.