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Gabriel Santiago mostra que a Escola Vitória é o caminho para o Leão

O primeiro gol como profissional marcado por Gabriel Santiago, 11 anos de convívio no Barradão, dá sequência a uma rica história cujo lema é “craque o Vitória faz em casa”.

A vibração do jogador criado na base lembra a importância de um dos principais alicerces do crescimento do Vitória a partir da última década do século passado.

A estrutura é outra chance de entender a modificação de perfil do clube: a expansão da cidade Benedito Dourado da Luz (Toca do Leão) deu condições para superar a época difícil de nossa incipiente concentração.

Tornou-se o Vitória um serpentário cuja criação de cobras alcançava o exterior e abastecia as seleções brasileiras de todas as idades, em estratégia de sustentabilidade representada nos bons negócios com a venda de jogadores.

Não se fazia torneio de categorias de base nos países fortes da Europa sem a presença do Leão Júnior. O auge foi a presença de Dida, Júnior e Vampeta na Seleção pentacampeã mundial em 2002.

Newton Mota contribuiu com esta tradição ao viabilizar a transferência de 42 revelações do Bahia, produzindo uma nova relação de forças entre os dois coirmãos.

Na sua primeira e saudosa gestão, Paulo Carneiro decretou a meta de revelar 17 craques por ano dando moral aos meninos para subirem, muitos já como titulares.

Bem antes, no entanto, em 1970, o Decano já mostrava-se vocacionado para a arte de revelar talentos, ao conquistar o título brasileiro das categorias dente de leite, tendo a taça sido entregue pelo Rei Pelé, numa visita do Santos.

Não daria para encher um Correio* inteiro se fôssemos escrever os nomes de quantos rubro-negros chegaram engatinhando e de fraldas para depois fazerem sucesso em suas carreiras.

Vamos todos torcer para Gabriel Santiago fazer mais e mais gols, pois o jogador da base cria amor ao seu lar. O atalho para o Leão escapar da areia movediça é agarrar-se a este cipó e voltar a ser temido e admirado.

O jogador, acostumado aos bons ares do Barradão, veste o nosso manto com respeito; sabe reverenciar nossa torcida; esforça-se com tal dedicação a ponto de justificar o fato de ter chegado ao clube ainda criança, com 11 anos.

Vamos voltar a apostar na nossa Escola em vez de dar boa vida a quem faz do contrato curto um excelente negócio sem vínculo afetivo, apenas monetário, resultando em falta de vontade de vencer.

Gabriel Santiago precisa tornar-se o bom exemplo, junto a outros colegas, a fim de reabilitar o Vitória, primeiro no cenário nacional, para depois o clube voltar a ser reconhecido no exterior como centro de excelência de formação de feras.

Um salve para Gabriel Santiago, ao educar-se no Manoel Barradas e ali aprender os valores preciosos de conduta moral e desportiva, de acordo com as origens do clube pioneiro, entre os introdutores dos esportes no Brasil.

Cinco pontos distanciam o Vitória do grupo dos oito classificados a garantirem passagem para a próxima fase da Série C, tornando estratégico o confronto contra o Campinense, no Estádio Amigão.

O pavilhão da Paraíba é rubro-negro e tem a palavra “NEGO”, como o Vitória é chamado, embora represente a rejeição de João Pessoa a Júlio Prestes, no processo resultante na morte do governador e no golpe de 1930.

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.

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