InícioEditorialEconomiaQuarta temporada de Stranger Things é inteligente e ainda mais sombria

Quarta temporada de Stranger Things é inteligente e ainda mais sombria

Eleven (Millie Bobby Brown) está sem poderes nesta temporada mas ainda conta com o apoio dos amigos

Três anos se passaram desde que os fãs tiveram as últimas notícias de Hawkins, cidadezinha no interior do estado americano de Indiana, onde acontecimentos bizarros marcaram as três temporadas de Stranger Things. De lá pra cá, tudo mudou para Eleven (Millie Bobby Brown) e seus amigos. Heróis anônimos, são obrigados a fingir que tudo caminha dentro da normalidade. É claro que eles experimentam momentos genuínos de conflito existencial e social, como qualquer outro adolescente. Mas de normal mesmo suas vidas não têm nada. 

O terror ainda espreita a vizinhança, como se pode ver na quarta temporada da série criada pelos Irmãos Duffer, que estreia nesta sexta (27) na Netflix. É o começo do fim: este é o último ano do programa que se transformou num fenômeno da cultura pop. Esta primeira parte tem 7 episódios e a segunda, que chega à plataforma dia 1º de julho, terá dois. São, na verdade, nove longas-metragens, com uma média de 1h15 cada – o último episódio, por exemplo, terá 2h30 de duração.

Nem todos os capítulos necessitam de tanto tempo de tela – em alguns, o excesso fala muito alto. E é justamente este o maior pecado desta etapa de Stranger Things. Parece que os criadores quiseram compensar o tempo perdido com a pandemia numa narrativa meio sem freios, quase verborrágica. Felizmente, não é nada que prejudique o trabalho sensacional desenvolvido até agora. Principalmente porque algumas das respostas há muito esperadas começam finalmente a surgir.

“Ficaram muitas perguntas sem respostas no final da terceira temporada. A temporada 4 é diferente. Ela responde a várias perguntas feitas por muita gente, além de expandir a trama. Estamos na Califórnia, na Rússia e em uma parte de Hawkins que ainda não vimos”, diz o ator Caleb McLaughlin, que interpreta Lucas Sinclair.

David Harbour brilha como o delegado Jim Hopper, agora preso na Rússia (divulgação)

A trama básica ainda segue a premissa de um mal que espera oportunidades para atacar a cidade e tentar matar Eleven, a única pessoa que pode derrotar esta entidade desconhecida. O bacana é que, por mais que a garota seja poderosa, o trabalho de equipe, com as habilidades somadas de cada integrante da turma, conta muito. É como se os Duffer levassem para a ‘vida real’ dos personagens a experiência coletiva que têm no jogo Dungeons & Dragons, o maior passatempo desses nerds tão adoráveis. 

Ambiciosa no bom sentido, essa quarta temporada é a mais sombria (o método que o novo vilão usa para matar suas vítimas é realmente assustador), menos pitoresca (embora seja um prazer ver e ouvir os anos 80 gritando na telinha) e a mais grandiloquente na escala de eventos. As performances, sobretudo de David Harbour (Jim Hopper), Millie Bobby Brown (Eleven) e Sadie Sink (Max), são todas muito bem elaboradas. 

Nesta parte da narrativa, a equipe está separada, ainda bastante traumatizada com os eventos acontecidos há pouco menos de um ano. Joyce (Winona Ryder) se muda com os filhos, Will (Noah Schnapp) e Johnatan (Charlie Heaton), e Eleven para a Califórnia, enquanto Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo), Lucas (Caleb McLaughlin) e Max (Sink) permanecem em Hawkins, cada um com seus fantasmas pessoais. O delegado Hopper, dado como morto, está, na verdade, numa prisão russa – o regime comunista ainda estava em vigor na União Soviética e a rivalidade daquele país com os EUA era uma coisa declarada. 

Os mistérios são resolvidos em trabalho de equipe, no estilo Scooby-Doo (divulgação)

Cada núcleo se desenvolve separadamente, com conflitos específicos e histórias diferenciadas, ainda que todos devam convergir em algum momento para um ponto em comum. O objetivo é se unir mais uma vez para derrotar a força que surge do Mundo Invertido. Mas isso só deve acontecer mesmo na segunda parte da temporada.

Além da ambientação e da trilha sonora primorosas, uma das coisas mais bacanas de se ver nesta etapa de Stranger Things são as referências aos clássicos de terror dos anos 70/80: A Hora do Pesadelo, Carrie – A Estranha, Alien, Sexta-Feira 13, Gremlins e O Exorcista. Tem espaço até para aventuras à moda de Scooby-Doo. Está tudo lá, basta ficar atento e se divertir.

Veja o trailer de Stranges Things 4:

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