Um dos mais renomados médicos do Município de Itamaraju esteve reunido com a equipe do Itamaraju Noticias, realizando uma entrevista sobre o descaso da saúde pública no Brasil.
O médico pediatra Dr. Afonso Celso de Assis, que atua no município no atendimento de crianças e adolescentes assistidas no HMI, bem como em Postos de Saúde e em sua clínica particular “Santa Barbara”, falou dos problemas e dos principais pontos que leva a precariedade da saúde pública.
Diante da realidade a equipe efetuou alguns questionamentos ao médico.
IN: Como o SUS (Sistema Único De Saúde), é visto pela comunidade médica hoje?
Dr. Afonso – A filosofia do SUS é maravilhosa, tanto que países do primeiro mundo estudam alguns critérios utilizados, para implantar em suas nações. Mas o problema do sistema é o gerenciamento da parte financeira e a aplicação dos investimentos. O Ministério Saúde defende que há falta de médicos no Brasil. Porém, como exemplo regiões como Distrito Federal/São Paulo/Rio De Janeiro/Espírito Santo têm apenas 34% de suas populações assistidas por médicos em PSF. Curiosamente estas regiões são as que têm o maior índice de relação médico/habitante do nosso país. Então porque isto acontece?
IN: Em nossa cidade os investimentos aparentam utilização responsável?
Dr. Afonso – Sim, mas como em todo o sistema há deficiências. Tem apresentado melhoras, devagar, mas melhorando. Até por que não podemos esquecer que os investimentos em saúde pública no Brasil são precários.
IN: Explique o IDH, expectativa de vida e taxa de mortalidade:
Dr. Afonso – Hoje países com situações econômicas menos favorecidas em relação ao Brasil, apresentam investimentos e gerenciamentos superior. Os IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano), Expectativa de Vida e Taxa de Mortalidade mostram a eficiência e qualidade dos serviços de saúde nas vidas do povo de um país ou comunidade. Como exemplo podemos citar Cuba que apresenta a expectativa de vida de 78 anos, 3 em taxa de mortalidade infantil, na Espanha as pessoas tem expectativa de 80 anos com 3 mortes infantis, já na Argentina a possibilidade de vida é de 75 anos e com mortalidade infantil de 7 por mil nascidos. Em nosso país, o Brasil, apresenta a expectativa de vida de 73 anos e a alta taxa de mortalidade infantil de 12 por mil nascidos. Apontando assim a grande desigualdade.
Ainda apontou que em 2005 o número de brasileiros era de 183.383.000, e número de leitos disponíveis pelo SUS era de 395.934. Já em 2012 os leitos foram reduzidos para 354.221 uma redução de 10,5%%, e em contrapartida o número de brasileiros aumentou para 193.946.886 em torno de 6% em 7 anos.
Ao final da entrevista ainda questionamos o profissional, sobre como recorrer ao direito de termos uma saúde digna.
IN: A quem podemos pedir por socorro?
Dr. Afonso – Ao governo Federal, a todos os políticos, a cobrança da sociedade em geral, cobrando mais investimentos, melhor gerenciamento, política de salários e interiorização do médico como também melhores estruturas para atendimento a população.
Para Dr. Afonso, hoje os principais problemas enfrentados na saúde pública tem sido o caos no atendimento da população, o uso de equipamentos sucateados ou inexistentes e a falta de médicos e de medicamentos.
A população tem vivido dias de sofrimento. Dados mostram que a cada dia que passa os hospitais tem ficado cada vez mais cheios, com leitos hospitalares insuficientes para atender a demanda. E mais, os profissionais de saúde tendo que atender em condições precárias, onde na maioria das vezes os médicos são injustamente responsabilizados pelo agravamento e óbito de seus pacientes. Explica.
Os dados divulgados nessa matéria foram publicados no Jornal do Conselho Federal Medicina e pela OMS (Organização Mundial de Saúde).