Industrializar e criar as condições para o crescimento da agricultura foram os compromissos firmados pelo ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), durante a sua participação na Bahia Farm Show, nesta quinta-feira (dia 2). Ao lado de líderes do agronegócio baiano e aliados políticos, ele se comprometeu em trabalhar pelo desenvolvimento dos grandes e pequenos agricultores do estado.
O ex-prefeito disse que, se eleito, pretende iniciar ainda em outubro a construção de um plano de desenvolvimento para a região. Além de criar uma administração regional para cuidar dos serviços públicos estaduais na região. “Nós vamos criar uma ponte que vai reduzir as distâncias que hoje existem entre a capital e o Oeste. Será uma estrutura administrativa que terá poder de definição de políticas públicas”, comprometeu-se ACM Neto.
O ex-prefeito de Salvador diz que vai trabalhar para que o Oeste perceba cada vez mais a presença do governo na região. “Não adianta chegar aqui a quatro meses das eleições e prometer várias coisas e fazer vários anúncios. A pergunta que fica é por que só agora? Por que não foi feito em 16 anos? Nós queremos uma lógica diferente, um governo de proximidade”, projetou. “Precisamos recuperar o tempo que foi perdido em quatro gestões”, avaliou, fazendo referência às administrações petistas.
“Temos um enorme desafio para superar, mas temos certeza que o Oeste está pronto para passar por um grande processo de industrialização. Para isso é preciso ter visão estratégica de médio e longo prazo, é preciso coordenar as ações e investimentos do poder público”, disse. “Não podemos deixar de pensar nas diversas oportunidades que nós temos para expandir a produção agropecuária que já temos aqui, sobretudo no que se refere à agricultura. Essa expansão precisa se dar com um olhar voltado para o pequeno produtor, mas também para os grandes investimentos, grandes empreendedores e grandes empresas”, disse.
Para ele, apoiar os produtores de todos os tamanhos está longe de ser uma posição conflitante. “Vamos tomar um caminho que permita a harmonização dos interesses, seja da agricultura familiar, pequena produção, ou mesmo com o trabalho para grandes produtores, que as pessoas tenham boas perspectivas futuras”, pondera.
“Eu diria que o grande desafio do nosso estado está em sua base econômica, nós precisamos da geração de empregos e o Oeste da Bahia é um grande exemplo, vem dando uma contribuição extraordinária e precisa ser alvo de um olhar estratégico para tudo o que a região ainda pode contribuir para o desenvolvimento econômico do nosso estado”, avaliou.
Entre as propostas para a agricultura baiana, o pré-candidato se comprometeu a, se eleito, rever a estrutura de apoio ao setor produtivo dentro do estado. “Houve um enfraquecimento dos órgãos estaduais que atuam junto à agricultura”, disse ressaltando a extinção da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola). “A Adab (Agência de Defesa Agropecuária da Bahia) foi sucateada, politicamente ocupada e estes órgãos perderam a sua função principal de dar apoio a quem produz”, lamentou.
“De um lado, o grande produtor tem os recursos para buscar determinados serviços junto à iniciativa privada, mas o pequeno não tem essa condição. Não posso deixar de frisar isso. Estou assumindo o compromisso de promover uma revisão completa na estrutura da agricultura da Bahia, com um redesenho do que será a secretaria e os órgãos a ela vinculados”, disse, citando ainda a Bahiapesca.
Desafios
Entre as prioridades nas ações para o Oeste, Neto ressaltou a necessidade de melhorias nas condições de infraestrutura. “Temos vários desafios na área de infraestrutura, como por exemplo a questão das estradas. Precisamos ampliar a malha viária estadual, integrando a região, facilitando o escoamento da produção. Temos que encarar os desafios de logística como um todo, com a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) se tornando realidade, mas também com uma ligação futura para a (Ferrovia) Norte-Sul, de maneira que nós possamos ter uma conectividade ferroviária com todo o Brasil e a perspectiva de integração com os portos, que a Fiol traz com o Porto Sul”, aponta.
Ele lembrou ainda as dificuldades que a região enfrenta em relação ao fornecimento de energia, definidas por ele como um “desafio muito sério”. Segundo o ex-prefeito, o aumento da capacidade de fornecimento de energia é primordial para pensar na industrialização da região. “Já existem empreendimentos que não se consolidaram na região por esta falta e o governo estadual tem um papel fundamental em relação à concessionária de energia”, disse, lembrando ainda da importância de investir em conectividade.
“Tanto no que diz respeito à telefonia em si, ou mesmo em relação ao acesso à internet, isso é fundamental para que se possa trabalhar com todas as novas tecnologias dedicadas à produção”, destacou.
Outro desafio relacionado à agricultura destacado pelo pré-candidato foi a segurança, tanto a pública, quanto a jurídica. “Nós temos que olhar para a questão da segurança pública para trazer conforto a quem produz e, principalmente, para o cidadão de maneira geral e as famílias”, ressalta.
“O cumprimento de decisões judiciais precisa ser uma regra, o direito à propriedade é algo absolutamente intransferível e inegociável. Eu considero isso um princípio, um valor, e nós vamos agir com firmeza para assegurar o cumprimento de decisões judiciais”, avisou. Ele frisou que pretende trabalhar para a regularização fundiária da região. “O estado pode exercer um papel de trazer segurança, sobretudo após a aprovação do novo marco legal, para trazer transparência e tranquilidade”, aponta.
Disputa eleitoral
Questionado pela imprensa, ACM Neto voltou a rechaçar a ideia de ter que se aliar a um dos candidatos à Presidência da República para governar. “Eu lidei com três presidentes diferentes, nunca fui aliado de nenhum deles e Salvador nunca teve nenhum prejuízo por isto”, disse. “Eu tenho espírito público, passada a eleição, vou governar para todos. Se eu for eleito em outubro e tiver a confiança dos baianos para governar a Bahia, eu vou bater na porta do presidente e terei a melhor relação institucional possível”.
O pré-candidato lamentou comentários feitos pelo governador Rui Costa (PT) a respeito da decisão de liberar seus aliados para apoiarem o candidato à Presidência que preferirem. “Antes deste período pré-eleitoral, eu considerava o governador Rui Costa um homem polido e educado. Foi assim que eu convivi com ele durante os últimos seis anos, onde a minha administração e a dele coincidiram”, disse. Neto lembrou da parceria administrativa entre os duas no combate à pandemia.
“Não vou usar as mesmas palavras do governador, não adianta. Diferente dele, não estou desesperado. Não estou perdendo noites de sono, estou fazendo pré-campanha com leveza e sorriso no rosto”, destacou.
O vice-governador João Leão (PP), pré-candidato à Câmara dos Deputados, que chegou a anunciar o desejo de apoiar nacionalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que decidiu seguir a mesma postura de Neto e focar as atenções nas eleições no estado. “Não tem porque eu escolher entre (Jair) Bolsonaro ou Lula, quando tenho aqui na Bahia um candidato a governador que tem mais votos que eles dois juntos”, disse.
Leão ainda falou sobre a disputa pela vaga ao Senado, assumida pelo deputado Cacá Leão (PP), filho dele. “Historicamente, a Bahia vota nos candidatos dos governadores para o Senado. Tenho certeza que logo o estado tomara conhecimento que Cacá é o candidato que vai defender as ideias de ACM Neto em Brasília”, disse.
Abapa vai premiar reportagens sobre algodão
Com muito trabalho e investimentos em tecnologia e inovação os produtores rurais do Oeste da Bahia conseguiram transformar uma região de terras pobres em nutrientes num dos principais polos agrícolas do país, diz o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi.
“As nossas histórias ainda são desconhecidas do público e nós queremos modificar isso”, diz o produtor rural. Foi a partir desta percepção que a Abapa criou, em 2019, o Prêmio Abapa de Jornalismo, que terá uma nova edição no final deste este ano. A premiação foi suspensa em 2020 e 2021 por conta da pandemia.
Bergamaschi conta que o Oeste é uma referência agronômica para todo o Brasil. “Temos os melhores resultados em produtividade. Durante o lançamento do prêmio ontem, ele destacou o trabalho realizado pela Abapa na região. Dentre outros, citou a qualificação de 52 mil pessoas. “Utilizamos cada vez mais tecnologia, máquinas de última geração e precisamos de mão de obra qualificada para isso”, diz.
Este ano, o prêmio totaliza R$ 81 mil, distribuídos entre as categorias Estudante e Profissional. “Ao mesmo tempo em que queremos reconhecer o trabalho da imprensa, esperamos que este prêmio seja um estímulo para lermos e assistirmos ótimas reportagens”, diz.
O projeto de conteúdo Bahia Farm Show é uma realização do jornal Correio com o apoio da ABAPA
*O jornalista viajou a convite da Bahia Farm Show