O pai do paciente Jeferson Bispo, de 21 anos, que teve o rim colocado em saco plástico e entregue à família para ser levado para biópsia, comentou a exoneração do diretor do Hospital Geral Menandro de Faria, Ramon Nelson Bezerra de Lima Souza. Para Luciano Bispo, a dispensa é sinal de que a justiça está sendo feita, mas que o caso deve ser investigado, pois há mais envolvidos.
“Espero que isso não aconteça com outros pacientes de lá, não sei se a exoneração resolve o problema. Eu acredito que possa melhorar. Mas não é só o diretor que é o culpado. Não sei o que acontece lá. Mas que bom que não ficou impune”, disse o pai de Jeferson.
A vítima foi baleada enquanto trabalhava como motorista de aplicativo, na última sexta-feira (22), em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador. O estado de saúde de Jeferson segue estável, embora ele ainda esteja na UTI em observação. “Meu filho está melhor, não está sentindo dor, já está conversando normal e começou a andar um pouco”, disse Luciano.
Nesta quarta-feira (27), a Secretaria de Saúde do estado (Sesab) reconheceu que houve falha no fluxo de atendimento e afirmou que a função já está sendo corrigida. “O material foi entregue novamente ao hospital, que providenciará a biópsia. Foi aberta apuração para identificação e correção do fluxo com reforço de treinamento da equipe”, disse, em nota.
“Eu sinto que a justiça está sendo feita. Mas isso não influencia em muita coisa. Eu quero que meu filho seja bem tratado, se recupere e saia de lá”, completou o pai do paciente.
O advogado da família, Ronicleiton Martins, esteve no hospital e disse que ouviu dos profissionais de saúde do Menandro de Faria que o procedimento de saúde realizado em Jeferson era padrão. Ou seja, após a retirada de um órgão do corpo, deveria ser realizada a biópsia.
A Sesab informou que o local não realiza o procedimento. “Mas o Cremeb [Conselho de Medicina] afirmou que, se houvesse a necessidade da biópsia, o próprio hospital deveria ficar encarregado do procedimento, e a entrega do rim para a família não era correto”, ressaltou o defensor.
Através de nota, o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremeb), Otávio Marambaia, classificou o caso de Jeferson Bispo como “uma situação precária, danosa e constrangedora para o paciente”.