Foram sete anos fazendo história em Itacaré, no sul da Bahia, até o chef Ícaro Rosa e a mulher Elen Luz decidirem que estava na hora de trazer uma unidade do badalado restaurante Jiló para a capital baiana. Para nossa sorte, a nova casa abriu as portas em soft opening na Alameda Salerno, 49, na Pituba, inicialmente funcionando de segunda a sábado, apenas para o jantar, das 19h às 23h.
Chips de aipim com vinagrete de jiló |
O lugar escolhido foi um imóvel antes ocupado por um restaurante de cozinha japonesa que foi repaginado e adaptado para receber as alquimias do chef que trocou seu estado natal, o Rio de Janeiro, pela Bahia. A decoração é assinada pelo casal que sempre faz questão de criar um ambiente que seja a cara deles, que remeta a suas referências. Sem firulas, mas com muito charme e aconchego.
Rosbife da mãe do chef |
Mas o melhor da casa, como não poderia deixar de ser, sai de lá de dentro da cozinha. Não á toa, que nem bem havia aberto as portas, o chef já contava com a receptividade e aprovação dos seus pares locais. “A comida que o Ícaro faz é muito brasileira, de excelente qualidade, acho que Salvador precisava de um cara desses aqui”, elogia o chef Fabrício Lemos que, antes mesmo do carioca se instalar por aqui já havia dividido a cozinha com ele num dos jantares a quatro mãos que costuma realizar no restaurante Origem.
Risoto cremoso de baião de dois |
Outro devoto da comida do colega é Ricardo Silva, do Carvão, que também o recebeu em sua cozinha promovendo um jantar a quatro mãos com casa lotada. O aval dos pares, coisa rara no competitivo e vaidoso mercado de gastronomia, é importante, mas nada valeria não fosse Ícaro Rosa, “o cara!”! E ele é. No trato e no talento. Para começar, o couvert servido na casa é, sem medo de errar, um dos melhores da cidade. A começar pelo pão de queijo em formato de grissini (aqueles palitinhos que a gente não consegue parar de comer), que só carrega um pecado: a quantidade. Não que seja pouco para um couvert que tem ainda fatias de pães artesanais, patê de fígado, manteiga de torresmo torradinho (tudo de bom!) e um vinagrete de jiló que tem gosto de quero mais, mas porque é impossível resistir a mais um.
Jiló de árvore: drinque dos bons |
Couvert aprovado, vamos de chips de aipim (lascas torradinhas, sequinhas e crocantes) que ficam ainda mais irresistíveis se estiverem acompanhados do vinagrete de jiló. Aquele citado acima. Sim, nunca achei que comeria (mais de uma vez) algo feito com jiló, mas comi e gostei. O chef define sua gastronomia como mundial. “Tem influências do Japão e da Tailândia, passando pela França e chegando ao Brasil, de onde trago a cozinha da minha mãe como inspiração, passada adiante através do meu olhar afetivo para essas memórias de infância”, diz o chef que é filho único e que se apaixonou pela cozinha fazendo o mais brasileiro dos pratos: o feijão com arroz.
Tartare de atum |
Seguiu adiante evoluindo com as técnicas que aprendeu na faculdade de gastronomia e nos restaurantes por onde passou, como o do badalado Pedro de Artagão, que coleciona prêmios. Mas voltando ao menu, vale destaques o Franguinho frito, com sweet chilli de pimenta doce; o Bun de Camarão Crocante com maionese de curry; o Rosbife da mãe do chef, repaginado por ele e servido com maionese de salsa, cebola crocante e creme de mostarda. Vale experimentar ainda o Atum Ratatouille, com atum selado, legumes assados, ovo de codorna, creme de azeitona e pipoca de alcaparras; e o Risoto Cremoso de Baião de Dois com Filet Mignon, Creme de Feijão Branco e Queijo Coalho Grelhado. Só pra ficar nos comes.
Peixe grelhado com musseline de aipim |
Isso porque os bebes também não podem deixar de ser apreciados. A carta de drinques criada por Isadinha (Isadora Fornari), que já assina a carta de outros restaurantes renomados na cidade, que reúne coquetéis autorais, executados por Paula Caroline, que resgatam lembranças afetivas do casal e que já são sucesso em Itacaré. O Jiló na Árvore, por exemplo, que mistura cachaça, vodca, espuma de cajá com gengibre, limão rosa e açúcar, é dos Deuses!
Caldinho Verde: creme de batata baroa, crocante de milho, couve, ovo e fumeiro |
Não dá para destacar toda a diversidade e criatividade do chef numa página só. E também não tem porque dá mais spoiler para não estragar a boa surpresa nem a boa experiência dos comensais. Mas, ainda assim, e só para arrematar, não deixe de provar o Ceviche baiano, uma versão criada pelo chef para este tradicional prato da cozinha peruana que troca o leite de tigre (clássico da cozinha andina) pelo leite de coco. Mais baiano impossível!
Onde:
Jiló Salvador – @jilosalvador
Alemeda Salerno, 49, Pituba.
Tel. 71 99681 6517