(Foto: Reprodução) |
O relatório publicado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), “Energia Renovável e Empregos 2022”, destaca desenvolvimentos regionais e nacionais, incluindo países do Sudeste Asiático que estão se tornando grandes centros de fabricação solar fotovoltaica (PV) e de biocombustíveis.
O número de empregos mundiais no setor de energia renovável atingiu 12,7 milhões no ano passado, um salto de 700.000 novos empregos em um ano. Quase dois terços de todos os empregos estão na Ásia, a China representou 42% do total global.
A China é o maior fabricante e instalador de painéis solares fotovoltaicos e está criando um número crescente de empregos em eólicas offshore, seguida pela União Europeia e pelo Brasil, com 10% cada. O relatório também mostra que a energia solar foi o setor que mais cresceu.
A Índia adicionou mais de 10 gigawatts de energia solar fotovoltaica, gerando muitos empregos em instalação, ainda que continue fortemente dependente de painéis importados. O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse: “encorajo governos, organizações de trabalhadores e empregadores a permanecerem firmemente comprometidos com uma transição energética sustentável, que é indispensável para o futuro do trabalho”.
Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA, afirmou “diante de inúmeros desafios, os empregos em energia renovável permanecem resilientes e provaram ser um motor confiável de criação de empregos”. “Meu conselho para os governos de todo o mundo é buscar políticas industriais que incentivem a expansão de empregos renováveis em casa”, acrescentou.
Acompanhada pelo WWI, a IRENA é a principal agência intergovernamental para transformação energética global e apoia os países em sua transição para um futuro energético sustentável, servindo como principal plataforma de cooperação internacional, um centro de excelência e um repositório de política, tecnologia, recurso e conhecimento financeiro sobre renováveis.
Outro relatório da IRENA, com recomendações para formulação de políticas de implantação [Hidrogênio Verde 2022 – bit.do/IRENA-GHydrogen2022], aborda desafios e soluções políticas, destacando opções disponíveis como precificação de carbono e medidas de criação de mercado, incluindo exemplos de diferentes países.
No Brasil, que já dispõe de 150GW de energias solar e eólica e potencial de mais 750 GW offshore, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou o estudo Hidrogênio Sustentável: Perspectivas e Potencial para a Indústria Brasileira, apontando caminhos para o hidrogênio renovável como “nova fronteira energética” com investimentos previstos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030. Desde 2021, foram anunciados 131 novos projetos de larga escala em hidrogênio verde. Somente em 2022, mais de 30 países lançaram planos nacionais nessa área.
Usado em refinarias, indústria química e siderurgia, o setor industrial é o principal consumidor de hidrogênio verde com 87,1 milhões de toneladas de hidrogênio consumidas em 2020. Avançando na inovação disruptiva, cientistas australianos desenvolveram um novo processo para armazenar e transportar hidrogênio em pó, uma nova forma de separar com base na mecanoquímica, capturando o hidrogênio por meio de forças mecânicas para transportar e armazenar grandes quantidades de gás com segurança, utilizando uma pequena fração de energia e gerando zero desperdício, mudando o cenário do mercado.
Com a implantação da fábrica da Unigel em Camaçari, a Bahia, liderando a geração de energia renovável, solar e eólica no país, entra no mapa global do hidrogênio verde, tendo o Senai/Cimatec como um dos maiores centros de pesquisa da área no país. “O momento apresenta grandes oportunidades para o Brasil na grande cadeia de suprimento global”, ressaltou Ricardo Alban, presidente da Federação das Indústrias da Bahia (FIEB) e presidente eleito da CNI que, com inteligência nova, abraçou a sustentabilidade de resultados como a nova forma de fazer negócios.
Eduardo Athayde é diretor do WWI. [email protected]