Quando foi anunciado pela Bahia Eventos (empresa da Rede Bahia) o retorno do Festival de Verão Salvador para os dias 28 e 29 de janeiro de 2023, após três anos sem ser realizado devido à pandemia de covid-19, a notícia foi comemorada por artistas, produtores e pelo público em geral, que se acostumou com esse evento que sempre marcou a estação mais festeira do ano.
E o melhor: a volta da festa para seu local de origem, o Parque de Exposições, onde o festival aconteceu durante 18 anos – sendo depois transferido para a Arena Fonte Nova. Agora, como diz a célebre canção do saudoso Dominguinhos, em parceria com Nando Cordel, o festival está “de volta para o seu aconchego”.
A programação e outras novidades serão anunciadas num evento exclusivo para convidados no dia 28 de setembro, a partir das 17h, na Chácara Baluarte, no Santo Antonio Além do Carmo. Tudo está sendo guardado como segredo de Estado para que nada vaze até esse dia, quando a festa será lançada oficialmente.
Tão logo recebi a notícia, me veio à memória dois momentos marcantes ao longo desses anos de Festival de Verão. Isso sem falar nas grandes atrações nacionais e internacionais que passaram por lá, e no auge da cena axé, quando praticamente todos os artistas baianos se apresentaram. O primeiro foi o Arrastão do Psirico, comandado por Márcio Victor. O segundo, a feijoada servida pela quituteira responsável por abastecer os camarins, Rosa Mendes, ao staff do festival no último dia, por volta das 6h da manhã, quando todos estavam exaustos e famintos.
O arrastão que aconteceu durante alguns anos (lembro de 2012 e 2013) era esperado tanto pelos fãs do Psi quanto pelos mais animados, que conseguiam guardar energia para acompanhar a banda pelo parque com o dia amanhecendo no último dia do evento. Era uma festa, assim como acontece com o arrastão da Quarta-feira de Cinzas, quando os foliões, se pudessem, esticavam o Carnaval por mais dias. Em conversa com o Baú do Marrom, Márcio lembrou com saudades desse tempo:
“Que saudade do Festival de Verão no Parque de Exposições! A gente acabava o show quando já estava amanhecendo, encerrando com chave de ouro. Mas ninguém queria que aquela magia acabasse, né? Então, rolava o Arrastão do Psi até a porta do Parque de Exposições, com fanfarra e muita energia boa. Inesquecível!”, diz o cantor.
Depois do arrastão, a próxima parada era o “cafofo” de Rosa Mendes, que durante 18 anos comandou a equipe que abastecia os camarins dos artistas, não deixando faltar nada a noite toda.
Rosa Mendes coordenou os camarins do Festival de Verão durante 18 anos (Foto: Acervo Pessoal) |
“Os primeiros dois anos (1999 e 2000) eu fui convidada por Mauricio Castro para fazer os camarins do festival, que eram poucos, inclusive, porque, no começo, o festival era menorzinho, tinha poucos artistas. Eu fui com a promessa de dias melhores nos anos seguintes. No primeiro ano, quando terminou a festa toda, minha equipe estava morrendo de fome, inclusive o pessoal da Rede Bahia, os seguranças. Não tinha nada para comer. Aí, no segundo ano, eu disse: ‘a gente tem que fazer alguma coisa para comer, pelo menos para minha equipe’”, lembra ela.
No ano seguinte, como prometido, Rosa resolveu fazer um “feijãozinho” para sua equipe. Foi aí que a história mudou, como ela explicou:
“Acontece que a notícia vazou e o parque inteiro resolveu ir comer esse feijão, porque tinha poucas barracas vendendo comida. Foi tanta gente para comer meio quilo de feijão e foi um terror. No terceiro ano, eu fiz uma feijoadona e, além do pessoal de trabalho, chegaram outras pessoas, como jornalistas, radialistas, produtores. A cada ano, eu aumentava a quantidade de feijão e terminou se tonando uma festa agradável, com muita resenha. Ao todo, foram 18 anos. Só não participei dos dois últimos, quando o festival se mudou para a Arena Fonte Nova”.
.