InícioEditorialÁlbum de figurinhas da Copa do Mundo é uma escola da bola

Álbum de figurinhas da Copa do Mundo é uma escola da bola

Nem toda criança tem acesso a um álbum de figurinhas da Copa, porque é caro, mas nem por isso podemos desprezar o valor didático do brinquedo cultural baseado na manifestação mais preciosa aos brasileiros: nosso amado e fútil bol.

As imagens auto-colantes dos jogadores lembram logo o clássico “Homo Ludens”, no qual o holandês Johan Huizinga defende ser o lúdico o atalho para o conhecimento e o bom convívio.

Pelo menos uma escola, a Pantheon, na Barra, sacou a chance de gol e a diretora Cristiane Martins aderiu às figurinhas como didatismo, com apoio da pró Dani Forestieri.

As crianças se divertem, aprendendo com futebol, trocando as duplicatas, demonstrando, assim, o quanto um álbum pode tornar-se uma excelente ferramenta pedagógica.

O primeiro ganho é o aprendizado da prática virtuosa de tratarmos os países de forma igualitária, todos têm suas páginas, seus destaques, os distintivos das confederações, sem privilégios.

Passa uma bela mensagem de formarmos uma só humanidade, sem privilégio de um grupo sobre outro. A cada Copa as seleções brancas vão misturando as etnias a ponto de a França atual campeã ter craques de origem africana como Mbappé, o mais badalado.

As crianças aprendem sobre geopolítica, percebem o Irã no mesmo grupo de Estados Unidos, Inglaterra e País de Gales e ficam curiosas para aprender a história da Pérsia, verificando o convívio entre os diferentes.

Os africanos têm especial carinho devido à dívida dos 400 anos de escravidão e, mesmo assim, estão vivíssimos, com Senegal, Camarões e Gana, da África Negra, mais o Marrocos e a Tunísia, ao norte do continente.

Com a ajuda de um bom mapa múndi, em forma de bola, para ficar no clima de Copa, é possível ir até o Japão e a Coreia do Sul, dois países cujo desenvolvimento chegou ao fútil-bol.

O Brasil é sempre especial, todos querem a figura de Neymar; os de camisa amarela são muito queridos, e os pequenos são imunes à contaminação maluca da política dos adultos.

Argentina, por causa de Messi e Di María; Uruguai, com Cavani; e Equador, de Preciado e Guardado, também atraem a criançada disposta a caçar as figurinhas para preencher o precioso álbum.

Para este adolescente cinquenteen, a coleção dos álbuns de Copa desde a de 1930, adquiridas obviamente de outros colecionadores, é um túnel do tempo de puro encanto.

Na verdade, desde criança conto minha idade em copas, então, sou um adolescente, contando 15 unidades de vida, mais ou menos como faziam os gregos da era arcaica, ao contar seus tempos em quantos Jogos Olímpicos assistiram ou participaram.

Temos neste álbum a Alemanha renovada; Espanha; a sempre charmosa Holanda; a Bélgica, nossa carrasca em 2018; a Dinamarca; a Suíça; a Sérvia e a Croácia, mostrando em nostalgia como jogava bem a Iugoslávia de onde se dividiram, a Europa mostra força, mesmo sem Itália e Rússia.

Costa Rica é uma boa forma de fazer as crianças aprenderem sobre a América Central e como o futebol é capaz de permitir o país pequenininho enfrentar de igual para igual os poderosos.

O Catar, país-sede, com seus estádios luxuosos, com ar-condicionado, chama atenção para o desequilíbrio das riquezas, sinalizando como o mundo tem muito a melhorar com a lição lúdica das figurinhas.

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.

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