InícioEditorialMorre Pedro Agostinho, antropólogo e professor aposentado da Ufba

Morre Pedro Agostinho, antropólogo e professor aposentado da Ufba

Pedro Agostinho da Silva, antropólogo e professor aposentado da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH) da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O funeral aconteceu na tarde desta quinta-feira (10), no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas.

Pedro Manuel Agostinho da Silva foi um dos grandes antropólogos de seu tempo, referência para gerações de pesquisadores/as e indigenistas, tanto por seu ativismo social em favor dos povos indígenas, quanto por seu papel seminal na implementação e desenvolvimento dos estudos etnológicos sobre essas populações, na Bahia e no Brasil.

Pedro Agostinho era filho do filósofo português George Agostinho da Silva, trazido à UFBA a convite do reitor Edgard Santos para fundar, em 1959, o Centro de Estudos Afro-orientais (Ceao). Foi casado com a linguista e professora emérita do Instituto de Letras da UFBA Rosa Virgínia Mattos e Silva, falecida em 2012.

Graduado em história pela Universidade Federal Fluminense (1962) e mestre em antropologia pela Universidade de Brasília (1964, sob orientação do conceituado antropólogo Eduardo Galvão), Pedro Agostinho começou a lecionar na UFBA em 1971, aposentando-se em 2007, após exercer diversos cargos e funções na FFCH, Ceao, Centro de Estudos Baianos, Museu de Arqueologia e Etnologia, entre outros. Foi também membro da diretoria da Associação Brasileira de Antropologia (1984-86).

Notabilizou-se, contudo, por fundar e dirigir o Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (Pineb, radicado no Departamento de Antropologia e Etnologia e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia / FFCH), atualmente coordenado pela professora emérita Maria Rosário de Carvalho, sua orientanda. Ao liderar, em 1971, uma expedição de estudantes de ciências sociais da UFBA a Barra Velha, no sul da Bahia, para realizar “o reconhecimento geral da aldeia (…) e o censo Pataxó”, Pedro Agostinho fundava todo um campo de pesquisas, responsável por iniciar a produção sistemática de conhecimento acadêmico relacionado às populações indígenas da Bahia, ao passo que engajado na atuação social e política em favor dessas comunidades – elevando, assim, a qualidade da antropologia praticada e ensinada na UFBA.

A dimensão do pioneirismo do trabalho de Agostinho fica evidente neste trecho de um artigo em que revisitou suas memórias: “Ao iniciar em 1971 meu trabalho docente na Universidade Federal da Bahia, a orientação que adotei partia da constatação de que era quase nulo o conhecimento dos estudantes a respeito dos problemas indígenas, e de que, apesar de haver no Estado pelo menos seis grupos de índios, era também quase nulo o que deles se sabia. Tornava-se, portanto, necessário criar uma consciência crítica e cientificamente preparada para as questões envolvidas, e tratar de obter melhores informações sobre esses grupos, seu estado de aculturação e sua situação de contacto.”

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