Cristiano Ronaldo, aos 37 anos, chega à sua provável última Copa do Mundo contestado. Pouco utilizado no Manchester United nesta temporada, o português deu declarações explosivas no último domingo a um programa da TV inglesa.
Um dos alvos da metralhadora verbal de CR7 foi o técnico Erik ten Hag, a quem o jogador disse não respeitar. O holandês não gostou das declarações e, de acordo com a mídia internacional, já afirmou à diretoria que não conta com o português para o restante da temporada, independente de haver um substituto ou não.
As rusgas de CR7 com o time começaram desde o meio do ano, quando, após a chegada do novo treinador, a minutagem do craque em campo foi diminuída. O astro português ficou fora de boa parte da pré-temporada.
Segundo ele, isso aconteceu porque estava com sua filha hospitalizada. À época, no entanto, a imprensa internacional veiculava que o empresário Jorge Mendes buscava um novo destino para o craque, mas não teve sucesso. Essa missão volta à tona agora.
Na entrevista bombástica, às vésperas da Copa, Ronaldo ainda disse que os donos do United não se importam com o esporte, só com o marketing, e que se sentiu traído pelo clube e por alguns cartolas. Sobrou até para a estrutura física do clube, que o atacante disse ter parado no tempo.
“O progresso foi zero desde que Sir Alex Ferguson saiu. Eu não vi evolução no clube. Nada havia mudado”, disse.
Esse clima pesado também se estende à seleção portuguesa. Um vídeo mostra um aperto de mão frio entre Ronaldo e Bruno Fernandes. A suposta tensão ganhou ares mais graves justamente por eles serem colegas de time no Manchester United.
A seleção foi ágil em colocar panos quentes na história. O meia João Mário concedeu entrevista e disse que o flagra não passou de uma brincadeira entre CR7 e Bruno Fernandes. “Estive no vestiário nesse momento e vi as imagens. Foi uma brincadeira entre eles, curiosamente porque Bruno foi um dos últimos a chegar, e Cristiano perguntou se tinha vindo de barco (risos). Foi uma brincadeira entre eles, eles jogam juntos”, contou.
O fato é que os números de Cristiano Ronaldo estão abaixo nesta temporada. Ele foi relacionado para 18 jogos dos Red Devils, onde assinalou somente três gols e distribuiu duas assistências. No dia em que a entrevista começou a ser liberada, a equipe havia vencido o Fulham por 2 a 1 -o português ficou fora do jogo porque estava doente.
Ele também foi afastado do grupo no fim de outubro, quando se recusou a entrar em campo no final do jogo contra o Tottenham.
Nesta Copa do Mundo, para além da gestão de vestiário de Fernando Santos, que precisa contornar toda a polêmica, a despedida de Cristiano Ronaldo pode lhe trazer mais um recorde. No momento, ele está empatado com Pelé, Seeler e Klose com gols marcados em quatro edições do torneio. Caso balance as redes no Catar, CR7 será o único a fazer gols em cinco Copas.
No total, porém, o português não é o artilheiro que se espera. Nas edições de 2006, 2010 e 2014, fez somente um gol. Em 2018, quatro, incluindo um hat-trick contra a Espanha.
Porém, em se tratando de Portugal e de Cristiano Ronaldo, João Mário soube resumir bem: é sempre CR7 quem está sob os holofotes.
“Sempre que venho à seleção, as primeiras perguntas são quase todas sobre o Ronaldo, não é novidade para ninguém.”