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Pará tem as melhores amêndoas do país; Bahia empata em 2º lugar na categoria varietal

E afinal, onde estão as joias do cacau brasileiro, disputado pelas chocolaterias refinadas no mundo? O IV Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil ocorreu nessa sexta-feira (25) no Pará e selecionou as melhores amêndoas produzidas no país e distribuiu R$ 50 mil em prêmios. Apenas um baiano está entre os premiados (confira abaixo). 

“Toda a cadeia está avançando e se unindo. É um momento muito bom. Toda a cadeia está conversando, apesar de todas as dificuldades, falando de sustentabilidade e começando a olhar para a qualidade de uma forma mais ampla”, explica Adriana Reis, gerente de qualidade do Centro de Inovação do Cacau  (CIC), instalado em Ilhéus. 

“Estamos em uma jornada de transformação na cadeia do cacau e, ao longo dos anos, seguimos investindo em tecnologia, boas práticas de gestão e iniciativas socioambientais que estão elevando a cacauicultura brasileira a outro patamar”, afirma  Mariana Marcussi, gerente de Marketing de Chocolates da Nestlé Brasil. A marca é uma apoiadora do evento, que é patrocinado pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Estado do Pará, Mondelez – Cocoa Life, Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Cacau Show, Dengo Chocolates, Cargill, Gencau, Harald e SENAR-BA. O concurso é organizado pelo CIC em parceria com a Ceplac.

Ao todo, 11 amostras de cacau especial do Pará, sete da Bahia, uma do Espírito Santo e uma de Rondônia estavam entre os finalistas em duas categorias: varietal (variedade única de cacau) e blend (mistura de variedades). A cerimônia que revelou os vencedores ocorreu nesta sexta-feira (25), em Belém do Pará.

302 Mil toneladas de cacau: foi a produção do Brasil, em 2021, segundo o IBGE. O país é classificado como 7º maior produtor de cacau do mundo (o 1º é Costa do Marfim) e o 5º maior consumidor de chocolate (o 1º é a Suíça). A ICCO (sigla em inglês para Organização Internacional do Cacau) prevê uma produção mundial de 4,9 milhões toneladas de cacau para a próxima safra 

Bahia x Pará 

Ranking: Pará e Bahia lideram a produção da amêndoa: 146 mil toneladas  e 138 mil ton respectivamente, em 2021. A Bahia foi ultrapassada pelo Pará em 2019, diz IBGE 

Premiados por categoria  

Varietal 
1° lugar: Deoclides Pires  – Jarú(PA);

2° lugar: empate entre Luciano Ramos Lima – Ilhéus (BA) e Mirian Federicci  – Medicilândia (PA);

3° lugar: Ana Cláudia Rigoni – Linhares(ES)

Mistura 
1° lugar: João Rios – Novo Repartimento (PA);

2° lugar: Francisco Cruz – Novo Repartimento (PA)

3° lugar: empate entre Lídia Rosa  – Uruará (PA) e Robson Brogni – Medicilândia (PA)

Alternância entre Bahia e Pará
A estratégia dos organizadores, representados pelo Comitê Nacional de Qualidade de Cacau Especial (CNQCE), é que o concurso ocorra no Pará e na Bahia, alternando entre os dois principais produtores de amêndoas de cacau do país. Este ano, o Pará tem uma maior representatividade entre os finalistas – reflexo segundo organizadores do apoio do governo do estado nas ações voltadas para a cacauicultura e da ação de ONGs que desenvolvem trabalhos de assistência técnica voltada para a melhoria da qualidade, como a Solidaridad e o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola).

“Essa rede de apoio aos cacauicultores paraenses vem fazendo a diferença ano a ano, aumentando a participação e as premiações recebidas pelos produtores”, aponta Cristiano Villela, diretor científico do Centro de Inovação do Cacau (CIC), entidade organizadora do evento, juntamente com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).

Vencedora na categoria varietal do ano passado, a produtora baiana Cláudia Sá, da Agrícola Cantagalo, voltou a inscrever uma amostra do seu BN 34 e destaca os resultados colhidos após a conquista. “O prêmio trouxe clientes além das moageiras. Médios e pequenos produtores de chocolates bean to bar (do grão à barra) passaram a olhar para a Cantagalo como uma empresa capaz de produzir uma amêndoa boa o suficiente para estar nessas barras tão especiais. Nada é mais gratificante para o produtor de cacau do que ter no rótulo do chocolate o nome da sua fazenda”. Este ano, Cláudia emplacou ainda a amostra PS1030 como finalista na categoria varietal e outra na categoria blend.

Sustentabilidade
O Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil avaliou também as condutas de produção dos participantes. Essa avaliação é feita com base no Currículo de Sustentabilidade do Cacau, documento que é referência de sustentabilidade para produtores de cacau, técnicos e instituições na busca pela melhoria contínua da produção atrelada à redução dos impactos negativos oriundos da atividade. No ato de inscrição, os produtores responderam a um questionário sobre produção sustentável e, na etapa final, receberam a visita de auditores em suas propriedades para verificar as informações declaradas. “Os produtores precisam estar atentos ao seu enquadramento nos critérios de sustentabilidade definidos pelo currículo. Precisamos trabalhar a qualidade do nosso cacau, mas mantendo o foco em um modelo de produção sustentável. E, desta forma, contribuir para a melhoria da reputação do cacau brasileiro”, destaca Cristiano Villela.

Ao todo foram 94 amostras inscritas em ambas categorias. Dessas, 20 seguiram para a etapa final da disputa pelo título de melhor cacau do país. Além de uma minuciosa avaliação dos aspectos físico-químicos das amêndoas, os finalistas passam também por análises sensoriais, como a prova do cacau em forma de líquor e ainda uma avaliação às cegas do sabor do cacau na forma de chocolate 70%. Os chocolates são codificados e enviados para um júri de convidados especiais. Entre eles o empresário e chocolatier Ale Costa, da Cacau Show, chefs conceituados como Lucas Corazza, Luciana Lobo, entre outros. 

O painel de avaliação sensorial incluiram os maiores especialistas da área na cadeia do cacau do Brasil. São profissionais com um olhar técnico para triar qualidade e separar os defeitos presentes nas amostras. “São rodadas técnicas muito bem elaboradas dentro de um trabalho minucioso. Estamos em um momento de fortalecimento da cadeia, com um refinamento das metodologias de avaliação sensorial e união de profissionais de diversas instituições com o foco em encontrar as joias do cacau brasileiro”, ressalta a gerente de qualidade do CIC e gestora do painel técnico-sensorial do concurso, Adriana Reis.

Paris
A etapa final desta quarta edição do Concurso Nacional de Qualidade e Sustentabilidade do Cacau Especial do Brasil funcionará também como classificatória para o Cocoa of Excellence (CoEx), premiação internacional realizada bienalmente em Paris, França. Para isso, as amostras devem estar entre as oito com as maiores notas na avaliação sensorial. Esse processo de seleção é coordenado por um comitê nacional liderado pela Ceplac.

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