Pelas ruas, estádios, metrô e pontos turísticos, dezenas de milhares de câmeras vigiam cada passo de quem está no Catar durante a Copa do Mundo. Não é preciso procurar muito para encontrar as lentes que ficam ativas 24 horas por dia, numa espécie de emulação do ‘Big Brother’. Basta olhar para o lado.
São 22 mil câmeras equipadas com tecnologia de reconhecimento facial espalhadas pelas oito arenas, monitoradas diuturnamente pelos mais de 100 técnicos que trabalham no Centro de Comando e Controle Aspire.
“Com um clique, você consegue ir de um estádio para outro, porque nós temos tudo integrado na nossa plataforma”, explica Hamad Ahmed al-Mohannadi, diretor do centro, à rede Al Jazeera.
A vigilância se estende a outros espaços Fifa, como boa parte do Parque Al Bidda, no coração da capital Doha, onde ocorre diariamente o Fan Festival.
A sensação de quem está na cidade é de ser observado o tempo inteiro – o que gera debates sobre falta de privacidade. A justificativa para a criação do sistema de vigilância é aumentar a segurança e prevenir contra a ação de hooligans ou mesmo terroristas.
Os torcedores que decidiram ir ao Catar para o Mundial também são vigiados via geolocalização. Para entrar no país, é preciso ter o aplicativo Hayya Card (uma espécie de visto) no celular e liberar o compartilhamento de localização.
Monitoramento fora dos espaços Fifa
Durante a Copa do Mundo, o nível de vigilância aumentou, contam os moradores do Catar. Porém, o monitoramento era parte da rotina do país antes do evento.
Milhares de câmeras estão espalhadas pelas ruas, museus, parques e outros espaços públicos e privados, como hotéis, edifícios comerciais e shoppings.
A polícia local faz uso do sistema para encontrar pessoas que cometerem crimes, que são raras no país. Mas existem.
Houve alguns relatos de furtos durante o Mundial. O que ganhou maior repercussão ocorreu com a repórter argentina Dominique Metzger, da emissora argentina TN Sports.
Ela teve a carteira furtada durante uma participação ao vivo no último dia 18, antevéspera da abertura da Copa. Segundo a jornalista, as autoridades locais perguntaram qual deveria ser o castigo para a pessoa que a assaltou.
“Os policiais me perguntaram: ‘O que quer que a Justiça faça? Porque vamos encontrá-lo, há câmeras de alta definição em todos os lugares’. E eu pensei ter entendido mal a tradução, mas não”, disse.
“Ficaram me perguntando se eu queria que o ladrão fosse condenado a cinco anos de prisão ou se eu queria que fosse deportado. Eu disse: ‘Não vou tomar nenhuma decisão’. Só quero que devolvam minhas coisas, nada mais”, completou.