InícioEditorialCampanha inédita de Marrocos aproxima futebol e história na Copa do Mundo

Campanha inédita de Marrocos aproxima futebol e história na Copa do Mundo

‘Não é só futebol’. Essa frase tão clichê talvez tenha a sua materialização perfeita na quarta-feira (14), pelas semifinais da Copa do Mundo no Catar. É um Mundial que já entrou para a história do futebol por vários motivos e, entre eles, o fato inédito que mais tem causado impacto nos noticiários e que norteiam as conversas pelas ruas de Doha: a trajetória de Marrocos figurando entre as quatro melhores seleções. 

É a primeira vez que uma nação africana alcança as semifinais e é a primeira vez também que uma nação majoritariamente árabe alcança tal feito – seja africana ou não.

A trajetória da seleção marroquina, sobretudo no mata-mata, parece ter sido escrita cuidadosamente pela ironia do destino. Uma nação que foi colonizada e explorada pelos espanhóis, portugueses e, mais recentemente, pelos franceses, exatamente os mesmos adversários nas oitavas, nas quartas e, agora, nas semifinais.

Sonhando com uma final inédita e ainda mais inimaginável e surpreendente, a equipe marroquina tem pela frente a poderosa seleção francesa, atual campeã mundial. Um confronto mais conhecido fora das quatro linhas do que propriamente dentro, já que por 44 anos Marrocos foi um protetorado da França até conseguir a independência, em 1956. Apesar de ter sido sem uma guerra sanguinária e com fortes laços de cooperação e amizade, hoje os dois países não se entendem mais.

As relações estremecidas entre as duas nações têm uma explicação. Os marroquinos não veem com bons olhos a aproximação de França e Argélia, com quem Marrocos vive um conflito aberto, conhecido como “a guerra das tâmaras”. Além disso, o governo de Marrocos não aceitou a diminuição drástica, por parte da França, dos vistos concedidos a seus cidadãos.

O Le Parisien, jornal francês, crava que “o duelo desta quarta-feira não será somente no plano esportivo”. O periódico caracteriza Marrocos como “o pequeno polegar” diante da “gigante da competição” e cita a principal arma dos marroquinos para surpreender os franceses: “o empurrão de um continente inteiro”.

Torcida mais barulhenta
Desde o início do Mundial, os marroquinos são maioria e também os mais barulhentos no Catar. Tanto nos estádios nos dias de jogos, como também no Souq Waqif, um dos pontos turísticos mais movimentos das noites em Doha e que se tornou um ponto de encontro de torcedores nos demais dias. 

À medida que os Leões do Atlas – apelido da seleção – foram vencendo e avançando de fase, a torcida ganhou reforço de torcedores oriundos do Marrocos e, principalmente, do povo local e das demais nações árabes.

A campanha já impressiona desde a fase de grupos, quando avançou como líder no Grupo F, que tinha a Croácia, atual vice-campeã, e a Bélgica, semifinalista em 2018, além do frágil Canadá que, por ironia, foi o único adversário a conseguir fazer um gol diante de Marrocos, que tem a defesa menos vazada da Copa. Ainda assim, foi um gol contra do zagueiro Nayef Aguerd.

Após o triunfo diante da Espanha, pelas oitavas de final, a cidade de Doha tremeu em festa. Bandeira marroquina foi projetada nos principais prédios e outdoors eletrônicos da cidade, um buzinaço tomou conta do trânsito e até uma queima de fogos de artifício abrilhantou o céu da capital catari em um espetáculo da altura do feito africano.

A partida de quarta-feira, de fato, vale muito para as duas nações envolvidas. Por um lado, a França quer se consolidar como a grande potência futebolística mundial que é e ser a terceira seleção a conquistar duas Copas consecutivas, se juntando a Brasil (1958 e 1962) e Itália (1934 e 1938). Se isso acontecer, ainda se descolará de Argentina e Uruguai como bicampeãs e será tri, ficando atrás só de Brasil (penta), Itália e Alemanha (ambas tetra).

No entanto, certamente, não se pode subestimar o tamanho moral que a seleção marroquina chega a esta decisão. Empurrada por 22 nações árabes, mais de 360 milhões de pessoas, vinda de vitórias diante de seus colonizadores e diante do mais poderoso deles.
 

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