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Sem Brasil, mas com festa: torcedores se reúnem para curtir final da Copa em Salvador

Já dizia Xande de Pilares que “não é um perdedor quem sabe a dor de uma derrota enfrentar”. A máxima, contida nos versos da música ‘Clareou’, do Grupo Revelação, se provou real quando torcedores baianos, ainda ressentidos com a eliminação do Brasil diante da Croácia nas quartas de finais, se juntaram neste domingo (18) para torcer e curtir durante a final da Copa do Mundo, disputada entre Argentina e França.

Na espera pela abertura da área de evento do Clube Espanhol desde às 11h30, o empresário José Luís, 44, já estava com receio de perder o jogo, programado para iniciar às 12h. Toda a sua expectativa estava sendo direcionada para a Argentina, seleção pela qual estava torcendo. “Vou deixar um pouco a rivalidade de lado. Eu acho que o Messi, pelo grande atleta que foi e é, e pelo que ele representa para o futebol, merece ser premiado com uma Copa do Mundo. Então, por isso vou torcer pela Argentina”, explicou.

Em Salvador, a torcida foi dividida. De um lado, estava a seleção francesa, carrasca do Brasil, responsável por nosso vice em 1998 e pela eliminação canarinho em 2006. Do outro lado, estava a seleção argentina, maior rival da seleção brasileira, que ganhou a final da Copa América em 2021 em pleno Maracanã, diante do Brasil. Frente ao dilema, a opção adotada pelo engenheiro Lucas Rapouso, 28, foi não torcer.

“O jogo morreu nas quartas de finais. Depois de Brasil e Croácia, a Copa para mim acabou. Só em 2026 agora. A Argentina é nosso maior rival e a França é aquela coisa, não dá para torcer para europeu de graça, então ficamos em cima do muro”, apontou.

Apesar da rivalidade, por ser admirado por muitos, Messi e sua seleção venceriam de lavada se o resultado no campo dependesse da quantidade de torcedores presentes no Clube Espanhol no início do jogo. À medida que foi o espaço foi enchendo, a torcida se tornou mais equilibrada. Durante o primeiro tempo, o engenheiro de petróleo Maurício Oliveira, 35, não se conteve de alegria pelo placar. “O jogo está muito bom. A Argentina está controlando, já meteu 2 a 0 e vai ser campeã. Estou na torcida por isso”, afirmou.

O engenheiro de petróleo Maurício Oliveira (camisa verde musgo), 35, fez parte da torcida pela Argentina (Foto: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO)

O estudante Kauan Trindade, 18, era um dos que estavam torcendo pela França e se recusou a aceitar a história que o destino estava prestes a traçar. “A Argentina não pode ganhar essa Copa. Eu espero que, agora que o Messi já fez o gol dele, ele possa ser eliminado com um pouco de felicidade. Se a França ganhar, eu comemoro no show, estou em casa”, declarou.

Com a vitória da Argentina nos pênaltis, o desejo de Kauan não se realizou. Contudo, como tudo em Salvador pode virar oportunidade de festejar, desta vez, o roteiro não saiu dos trilhos e cumpriu seu papel. Mesmo com a derrota da França, o estudante teve motivo para comemorar. Isso porque, com programação pós-jogo, além da transmissão da partida, o evento Ginga, que reuniu a torcida brasileira para curtir e aproveitar os jogos da Copa do Mundo, contou com as apresentações de Mumuzinho, Saulo, Parangolé, Dan Valente e Pedro Chamusca, no Clube Espanhol.

O estudante de medicina João Vitor Coutinho, 24, que comprou ingresso com o objetivo de comemorar seu aniversário com o hexa, estava ali apenas por conta das atrações. Uma vez que a taça não veio para o Brasil, o jeito foi não desperdiçar a oportunidade de curtir. Assim como ele, a estudante de engenharia Priscila Santos, 27, aproveitou a chance para se animar. 

“O clima ficou pesado para caramba desde que o Brasil saiu da Copa. A forma com que a gente perdeu doeu, porque era só uma questão de manter o placar. Eu não vi mais nenhum jogo depois da eliminação. O objeto real para estar aqui é o show de Saulo, a Copa é última opção”, frisou Priscila.

Durante a partida, a estudante Mariana Moraes, 21, e seu namorado se renderam e entraram no clima do jogo (Foto: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO)

Com o modo tanto faz ativado, a estudante Mariana Moraes, 21, estava na expectativa de festejar ao lado do namorado ao som de Mumuzinho. “Eu não estou nem aí para esse jogo. Por mim qualquer um ganha, o importante é eu assistir meu show e tudo certo”, garantiu, aos risos.

Ao som do apito final, o enfermeiro Diego Bonfim, 29, não perdeu tempo. “Foi um jogo muito emocionante, decidido nos últimos segundos. Essa Copa tinha que ser da Argentina. Agora vou curtir o show e muito”, finalizou.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo

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