Um cigano foi preso por porte ilegal de armas nesta quinta-feira (22), durante uma operação em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A ação acontece depois de uma investigação que se inicou após denúncias anônimas de que um grupo de ciganos estava dando rajadas de tiros para cima em alguns momentos. Foram registrados episódios após o resultado das eleições e do título mundial da Argentina na Copa do Mundo, no domingo passado.
A investigação descobriu uma série de vídeos postados pelos próprios ciganos nas redes sociais. Em um deles, o homem que foi preso aparece dando vários disparos para cima ao lado de um amigo, ambos com a camisa da Argentina, enquanto um grupo comemora atrás. “Campeão, porra!”. Em outro vídeo, uma mulher aparece do lado de fora de um imóvel atirando para o alto.
Além do preso, outros três suspeitos foram conduzidos até a delegacia e liberados. A operação apreendeu nove pistolas e quatro submetralhadoras.
“A população cigana não aprovou a conduta dos investimentos que, inclusive, confessaram os delitos para não prejudicar os demais, alegando que comemoravam e acabaram exagerando na bebida”, declarou o titular da 1° Delegacia de Tóxico e Entorpecentes (DTE), delegado Yves Correia. A unidade foi acionada para dar apoio à 18° Delegacia (Camaçari), responsável pela operação.
Agiotagem
A reportagem esteve no bairro Nova Vitória, próxima ao centro da cidade, onde a Operação Arsenal foi realizada , e conversou com alguns moradores sobre a atuação do grupo de ciganos apontada pela polícia. Apesar da movimentação intensa, pouquíssimos aceitaram falar sobre o assunto.
“Isso é complicado. Ninguém aqui quer conta eles, só mesmo quem é maluco”, disse um homem, direcionando o olhar para um condomínio de casas de alto padrão, na Avenida Padre Paulo, onde só moram ciganos. Após insistência, ele deu mais detalhes, informando que alguns ciganos têm o hábito de efetuar disparos para o alto. “Eles vivem de agiotagem e ficam atirando perto das casas de quem está devendo, uma forma de intimidar. A gente que não tem nada a ver fica com medo de uma bala perdida”, contou. Na coletiva à imprensa neata quinta, a polícia civil informou, sem detalhes, que investiga o crime de agiotagem na região.
O dono de uma oficina mecânica disse que os ciganos que atuam com a agiotagem cobram entre 20% e 30% de juros dos empréstimos. “Eles oferecem a quem sabe que pode pagar, como empresários, gente como eu, não. Quando estão perto para receber o valor do empréstimo, eles somem de propósito para que a pessoa entre nos juros. Se não tem o dinheiro, pegam carros, motos, terrenos. Tem gente que perde a casa. É assim que eles fazem a fortuna”, contou ele, que reside na Avenida Sumaré, onde há uma concentração grande de ciganos.
Já um senhor, que é vizinho de alguns ciganos, disse que nunca presenciou qualquer tipo de intimidação, mesmo daqueles que são conhecidos como agiotas. “Se fazem isso, não é por aqui”, pontuou ele, que mora na região há mais de 40 anos. “Eles começaram a chegar a uns 20 anos e foram se espalhando. Hoje têm picapes, moram em mansões , tudo adquirido emprestando dinheiro a juros, isso todo mundo sabe. Mas nunca os vi ameaçando ninguém por aqui. Não sei em outros lugares”, declarou.