O Natal, por tradição, é sinônimo de casa cheia. Na véspera e no próprio dia do nascimento de Jesus Cristo, famíliares, agregados e amigos se reúnem para celebrar. Há quem, no entanto, sempre escape por algumas horas desses espaços para começar o dia 25 dezembro na igreja.
Neste domingo, não foi diferente. Logo às 10h, a Catedral Basílica Primacial de São Salvador, localizada no Largo Terreiro de Jesus, no Pelourinho, recebeu fiéis que fizeram questão de iniciar a data por lá. “Uma celebração em comunidade”, como destacou o Cardeal Dom Sérgio da Rocha, que celebrou a missa na ocasião.
Comunidade que faz o povo sair de longe mesmo no feriado para fazer parte. Mara Campos, 68 anos, mora na região da Paralela. Ao longo do ano, vai à missa na Igreja do Divino Espírito Santo, no Vale dos Lagos. Neste Natal, decidiu sair de casa cedo para não perder nada da celebração que acontece no outro lado da cidade.
“Essa comunidade é o centro da religiosidade, tem uma energia que leva a pensar na necessidade de se colocar como irmão. Para todos nós católicos, é importante estar aqui porque é a igreja-mãe da Bahia. Além disso, ela está belíssima”, afirma Mara, enquanto olha para cima e admira a estrutura da Catedral.
Apesar das casas estarem cheias de familiares, os fiéis afirmam que, na igreja, há também uma outra família: a que reúne “os irmãos em Cristo”. Mara diz que o Natall é um momento de comunhão e espiritualidade, além de explicar a importância que a igreja tem para ela.
“Tenho tido grandes exemplos da importância da comunidade religiosa. principalmente, durante a pandemia. Tanto no socorro às pessoas como no conforto para as situações que acabamos vivendo nos últimos anos”, fala.
Tânia Maria de Matos, 59, concorda tanto com Mara que fez questão de levar quem estava na ceia para a celebração. Ela saiu de Brumado, no Sudoeste do estado, para visitar os filhos, mas não abriu mão do costume de estar na igreja na manhã do dia 25 de dezembro.
“Natal é família. É o nascimento de Jesus e também viver em comunidade. Não só festividade ‘mundana’, mas também a festa com Deus para termos santidade e comunhão. Por isso, é importante ter família e comunidade. Eu valorizo muito isso”, diz.
Tânia mora em Brumado (Foto: Paula Fróes/CORREIO) |
Aleida Chaves, 48, compartilha da vontade de unir família e comunidade religiosa. Por isso, ela, que frequenta a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, levou também a filha Geovanna Chaves, 11, para conhecer a Basílica em uma data simbólica.
“Resolvi trazer minha filha para conhecer. Tem um simbolismo importante, além de ser linda. Uma igreja histórica e, como ela não conhecia, quis fazer isso. Até para agradecer pelo ano que vai terminando e o próximo que está chegando”, conta ela.
Aleida levou Geovanna para conhecer a Catedral (Foto: Paula Fróes/CORREIO) |
Família e sentido real
Dom Sérgio da Rocha ressalta esse lugar de família que a comunidade religiosa ocupa para todos. Inclusive, para aqueles que não podem se reunir com seus familiares e amigos na data por alguma razão e têm na Igreja o seu ponto de apoio neste sentido.
“A Igreja quer ser a casa e a família que acolhe a todos. Jesus no Natal nos dá essa lição. A comunidade é um instrumento do amor de Deus. Aquelas pessoas que talvez não tenham a oportunidade de estar com sua família sentem-se amadas aqui. Uma família unida pelos laços da fé”, fala.
Ele lembra também que, apesar de ser sim um período festivo e que deve ser comemorado, o Natal precisa ser lembrado pela sua origem e a quem e o que ele faz referência.
“Natal é de Jesus, a festa do seu nascimento. É verdade que tem essa dimensão fraterna porque Jesus nasce trazendo o amor de Deus e nos convidando a estar juntos. Por isso, não se pode esquecer que o Natal é do Senhor. A partir disso é que fazemos festa”, completa.