O anfitrião era Criolo, que comandou a festa e foi muito bem recebido pelo público. Mas a plateia perdeu mesmo o controle foi quando Ney Matogrosso, o convidado da noite, subiu no palco, mostrando que, mesmo, aos 81 anos, tem uma impressionante conexão com fãs que têm de 20 a 30 anos de idade.
Sucessos de 40 ou 50 anos atrás, como Sangue Latino, ainda dos tempos da banda Secos e Molhados, encantaram a plateia, que cantava juntos com Ney todos os versos. Neste momento, Criolo preferiu sentar-se num cantinho e acompanhar emocionado a apresentação de seu convidado.
Sangue Latino, logo em sua inconfundível introdução, já arrancou gritos ensurdecedores do público, que não via a hora de Ney soltar a voz.
A plateia estava tão descontrolada que, quando Ney tentava se comunicar com ela, era impossível ouvi-lo.
Este repórter entendeu ele dizer, em determinado momento, “Salvador é a cidade tesuda do Brasil”. Pode até não ter sido isso, mas, pelo perfil de Ney, não seria um absurdo imaginar que ele tenha dito isto mesmo.
Depois de Sangue Latino, Ney ameaçou encerrar sua curta – mas marcante – participação e chegou a cumprimentar o público em sinal de adeus.
Mas, diante dos apelos, ele ficou para cantar mais um clássico, Homem com H, que voltou ao seu repertório de shows recentemente, depois de uma apresentação que ele realizou nos EUA e decidiu incluí-la apenas para aquele espetáculo. Mas foi tão bem recebida pelo público, que acabou ficando no setlist. E no FV entendemos bem por que a canção não sai mais dos shows, tamanha a receptividade da plateia deste que está se transformando num hino LGBTQIA+.
Mas, antes da participação de Ney, Criolo fez um show repleto de conteúdo político-social. O telão, antes mesmo de o show começar, exibia a frase “Chega de extermínio”. Um outro dizia “Yanomami resiste”, em referência ao povo indígena dos Amazonas, que passa por uma crise sanitária sem precedentes.