Após ter passado pelo circuito Osmar, no Campo Grande, durante a sexta-feira (17), o bloco Cortejo Afro desceu ao Dodô (Barra–Ondina) neste domingo (19). A saída do bloco sofreu um atraso de quase três horas.
Entre os que acompanham o trio, um aspecto chama a atenção: enquanto o desfile naquele circuito é conhecido pela tradição e pela presença maciça de seus integrantes ‘raiz’ — com destaque para aqueles do bairro de Pirajá, onde nasceu o Cortejo —, o que acontece neste último conta com maior adesão por parte de visitantes.
Em seu reencontro com o Carnaval de Salvador, o espanhol Iván Fernández, de 42 anos, por exemplo, resolveu se juntar aos amigos que moram na capital e costumam sair no bloco. “É mais tradicional. Não é [como] a Ivete ou a Claudia Leitte”, justificou Iván. “Está muito cheio o Carnaval. É por isso que eu prefiro algo mais alternativo”, complementou o estrangeiro.
Turista, o espanhol Iván Fernández (à esquerda) aceitou o convite do amigo paulista Ricardo Sales, 36, que mora em Salvador, para sair no bloco Cortejo Afro neste Carnaval (Foto: Marcos Felipe Soares/CORREIO) |
Turista doméstico, de Campinas, interior de São Paulo, o administrador André Silva, 36, também seguiu a recomendação de amigos seus. “É minha primeira vez no Carnaval de Salvador e meu primeiro bloco”, contou o paulista, que se disse encantado com a folia baiano.
Apesar da grande presença de visitantes, a coordenadora das baianas do Cortejo Afro, Rita Ribeiro, acredita que não haja diferença entre os foliões que ‘puxam’ o bloco nos circuitos Dodô e Osmar. “O Cortejo é brilho. E ele brilha tanto na Avenida como na Barra”, defendeu Rita, que está no cargo praticamente desde o início do Cortejo, há 25 anos.
Nesse sentido, as presenças de pessoas como a aposentada Ana Maria Santana, 76, mostram que a essência do Cortejo se mantém na Barra–Ondina. “O Cortejo Afro é resistência; é fortalecimento; é um trabalho que aparece no Carnaval, mas é o ano todo”, disse ela. “Representa aquilo que eu tenho de mais verdadeiro em mim, que é a minha etnia”, enfatizou a integrante de mais de duas décadas.
O bloco, idealizado pelo artista plástico Alberto Pitta, chama a atenção por seus elementos estéticos, como as indumentárias, assim como pela dança e pela percussão. O tema escolhido pelo Cortejo Afro para este Carnaval foi Logunedé, o orixá-menino que velho respeita e filho do grande caçador Oxóssi com a deusa das águas doces, Oxum.
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