O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PRB), concedeu entrevista exclusiva e ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta sexta-feira, 24, para falar sobre a situação do litoral norte do Estado após as fortes chuvas que afetaram a região. Até o momento, ao menos 54 pessoas morreram vítimas de deslizamentos de terras, enchentes e desabamentos de casas e outras 4.066 ficaram desalojados ou desabrigadas. Segundo Tarcísio, o governo vai agilizar a retiradas desses milhares de pessoas de abrigos temporários, alocando-as em vilas de passagem e em vagas disponíveis do setor hoteleiro local, onde devem ficar até que novas moradias sejam construídas em terrenos seguros que o Estado vai desapropriar. “No dia de hoje, o governo vai emitir a primeira declaração de utilidade pública para desapropriação de área, para construção de imóveis em áreas seguras. A gente passou esses últimos dias levantando que áreas seriam possíveis. Áreas da prefeitura que podem ser transferidas para o governo do Estado e também área particulares. Vamos iniciar essa construção por meio de vila de passagem, para abrigar imediatamente a população. Então, uma construção temporária que, no final das contas, vai servir de pulmão. A medida que as edificações que a gente for fazer forem ficando prontas, a gente vai tirando as pessoas da vila de passagem e colocando nela mais moradores que vivem em áreas de risco. Vamos operar com sistema de rodízio”, explicou Tarcísio.
O governador citou ainda exemplos de terrenos seguros que vão ser utilizados para a construção de moradia popular. “A gente identificou, por exemplo, na própria Barra do Sahy, uma área de particular que vai ser desapropriada e vamos iniciar a construção de casas para abrigar essas pessoas que estavam na área de risco, na antiga Vila Baiana, que sofreu mais com esse desastre, onde achamos a maior parte das vítimas”, disse. E completou sobre a possibilidade momentânea de uso da rede hoteleira, que terá impacto pela redução de turistas, para abrigar a população neste momento, liberando as escolas que estão sendo usadas como abrigos: “A ideia é comprar essas vagas também para abrigar as pessoas. A gente abriga as pessoas, libera as escolas. A ideia é retornar às aulas em sete escolas de São Sebastião no dia 6 de março. Nós tínhamos oito escolas [na cidade], uma foi destruída, porque estava em área de risco”.
Tarcísio de Freitas ainda falou sobre o novo pacote de medidas do governo do Estado para a região, com oferta de R$ 500 milhões em crédito e vantagens para o pagamento, de forma a contribuir com a retomada da economia local. “Agora a gente entra em uma nova fase. Temos uma operação em andamento de suporte às vítimas. Mas, a gente tem que começar a pensar no futuro. Porque essas pessoas que estão desabrigadas e desalojadas querem saber o que vai acontecer. Elas querem uma resposta do governo. As escolas que estão servindo de abrigo vão ter que voltar às aulas. Então, anunciamos uma série de medidas. Por exemplo, o governo vai liberar R$ 513 milhões em crédito parca a região do litoral norte. Serão R$ 283 milhões de crédito para os municípios, vamos liberar R$ 200 milhões de crédito para as empresas da região e R$ 30 milhões para pequenos empreendedores e informais, aquelas pessoas que tinham seu comércio, seu freezer, sua geladeira, fogão, computador, mas acabaram perdendo tudo. Esse crédito para o pequeno empreendedor e para o informal vai ser com taxa zero, 180 dias de carência e 48 meses para pagamento”, explicou.
Questionado sobre as doações que estão sendo feitas para a região, o governador as classificou como “fundamentais”: “Nós estamos sentindo uma grande solidariedade. Quando eu falei na compra da capacidade do sistema hoteleiro, é impressionante, mas a iniciativa privada está oferecendo recursos para fazer essa compra. Quando falei em construir casas em vila de passagem, também, é impressionante, a iniciativa privada está oferecendo essa construção. E os alimentos, as cestas básicas, água mineral, os remédios, está chegando material, está chegando roupa, a indústria farmacêutica foi muito pronta no fornecimento, as empresas de água mineral também na oferta de água, muita gente, muitas comunidades de estrangeiros, federações de indústria, organizações não governamentais estão fazendo a entrega de cestas básicas. Seria interessante para nós receber na sede do Fundo Social, em São Paulo, que fica em Jaguaré, e no depósito da Defesa Civil, no Morumbi, porque a gente consegue montar um grande centro de distribuição. No momento, uma grande necessidade é roupa íntima, travesseiro e roupa de cama, além do material de higiene pessoal”.