Uma mulher e o marido foram presos por sequestrarem uma idosa na Zona Sul do Rio e a internarem à força em uma clínica psiquiátrica. Segundo a Polícia Civil informou ao O Globo, a senhora, mãe da mulher, não tinha doença nem necessidade terapêutica.
A idosa foi mantida na unidade particular de saúde para ser coagida a se retratar de uma notícia-crime que havia feito, denunciando maus-tratos sofridos pelos dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), dias antes.
A aposentada foi abordada por dois homens ao sair de uma agência bancária, e colocada em uma ambulância. Ela acreditou tratar-se de um sequestro-relâmpago de início, mas entendeu o que acontecia quando um dos criminosos disse que “era coisa de família”.
Na clínica, ela teve a bolsa e o celular retirados pelos funcionários, sendo colocada em um quarto sem janela nem ventilação por três dias, onde diz ter sofrido com fome e sede, e foi obrigada a ingerir medicações. Os médicos também não a respondiam.
Durante o carnaval, ela contou ter recebido a visita de sua filha, Patrícia de Paiva Reis, e do companheiro dela, Raphael Machado Costa Neves. O casal teria relatado à idosa que tentariam desqualificar o registro feito por ela na Dcav demonstrando que ela sofria de “desequilíbrio mental”.
No depoimento, a aposentada afirma que os dois netos, um deles com deficiência mental, sofrem maus-tratos. Ela relatou que as crianças não recebem alimentação nem asseio adequados. Depois de alguns dias internada, a idosa afirmou ter sido novamente colocada à força em uma ambulância e levada para outra unidade psiquiátrica.
Foi na quinta-feira, após descobrirem o paradeiro da idosa a partir de sua própria filha, que agentes da 9ª DP estiveram na clínica e a libertaram. Durante o período de internação, ela escreveu cartas para aliviar “o medo e a tristeza” de estar no local.
Patrícia e Raphael foram presos em flagrante e indiciados pelos crimes de sequestro triplamente qualificado e coação no curso do processo. Eles não quiseram prestar depoimento.