Era a pergunta de um milhão de dólares: ‘como será o primeiro Carnaval após dois anos de pandemia?’. A resposta dada por Salvador superou todas as expectativas e veio com um prêmio superior a R$ 2 bilhões injetados na cidade, mais de 50 mil empregos gerados, horas de exposição gratuita e orgânica nas mídias tradicionais e digitais e abertura de novos e promissores caminhos para a ‘maior festa popular do planeta’.
E todos os balanços apontam para, em comparação com o último Carnaval, de 2020, um maior número de pessoas nas ruas e menos registros de casos de violências. No plural porque a violência não tem uma única forma, face e intenções. Sempre há os maus foliões. Alguns deles travestidos de muquiranas. Infiltrados em um dos blocos mais tradicionais, eles protagonizaram das poucas cenas negativas do Carnaval 2023, cercando e agredindo uma mulher, desrespeitando outras ou praticando vandalismo.
Por causa deles, a história da agremiação pode chegar ao fim. O Ministério Público pediu abertura de inquérito para apura a responsabilidade individual e do bloco. Na Câmara, vereadoras de diferentes partidos falam em pedir a extinção do bloco, ecoando o desejo expresso não só, mas principalmente, por mulheres que relataram nas redes sociais e imprensa histórias da quais foram vítimas A direção das Muquiranas divulgou carta aberta afirmando que não concorda com esse tipo de comportamento de alguns associados e pedindo a proibição das pistolas d´água.
Uma segunda polêmica deste ano se refere à escolha da música. Mas aí não é questão de lei, e sim de gosto. No voto do Troféu CORRIO Folia, deu Carol, de Filipe Escandurras. A canção foi escolhida por 64% dos leitores. Fãs das demais 20 músicas indicadas dizem que a vitória se deu porque Escandurras fez desavergonhada campanha de pedido de votos. O pódio se completa com Zona de Perigo, de Léo Santana, que obteve 11% dos votos; e Deixa eu Botar Meu Boneco, de Oh Polêmico, com 9%.
No mais, só registro de alegrias, um sentimento que também tem variadas cores e motivos. O brilho do Carnaval no Centro ressurgiu em um novo modelo, com palcos e públicos diversos, sem ferir a festa da Barra-Ondina. Antes de 2023, o Carnaval dividia a cidade entre os que gostavam e os que odiavam a festa. Agora, a divisão se aprofundou, mas em outro sentido. São vários, e não apenas dois, grupos divididos pela folia, porque a questão deixa de ser gostar ou não do Carnaval de Salvador, mas de que Carnaval de Salvador se gosta mais. Há festa em toda a esquina e para todes, todas e todos.
(Mais uma) Tragédia anunciada
O final de semana chega com a informação de que subiu para 54 o número de mortes causadas pelos temporais no litoral do estado de São Paulo. Infelizmente, esse número pode subir nos próximos dias, nessa crônica de tragédias anunciadas Brasil afora.
O que aconteceu no município de São Sebastião não é muito diferente do que foi visto em outras cidades e verões passados. Uma forte chuva – muito acima do esperado – afeta toda a infraestrutura urbana, sobretudo as partes mais pobres, ocupadas irregularmente (não pelo desejo dos pobres), onde terras deslizam, soterrando moradores.
Os números e as imagens chamam atenção. Mas o que choca, nesse caso específico, é a exploração da tragédia: comerciantes vendem um litro de água por R$ 93; vaga em helicópteros para deixar o local, isolada por causa dos morros desabados nas estradas, a R$ 40 mil, caminhões com comida e remédios doados às vítimas saqueados nas estradas.
Parafraseando o economista Celso Furtado, a questão não é combater as chuvas, mas conviver com elas. Temporais são fenômenos mais ou menos previsíveis, mas impossíveis de serem eliminados. Em meio à crise climática, o Brasil precisa aprender a lidar com as chuvas torrenciais e adotar políticas públicas contra mortes evitáveis e exploração da miséria alheia.
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