Após quase um ano da exposição nas redes sociais sobre a violência sexual que sofreu, a atriz Klara Castanho aceitou conversar pela primeira vez sobre o assunto. No palco do Altas Horas, a artista explicou todo o ocorrido.
Na gravação do programa para o Mês da Mulher, na Globo, Klara contou que precisou se recolher primeiro após sofrer o estupro e, sem pedir, foi exposta à mídia de forma exacerbada. Depois da polêmica, a artista denunciou tudo o que sofreu à polícia.
“Foi um período de recolhimento voluntário depois de tudo o que aconteceu no ano passado. Depois que vim a público, de novo, de forma forçada, eu denunciei todos os crimes aos quais fui submetida. Todos, sem nenhuma exceção. E o que me resta neste momento, e ainda bem, é confiar na Justiça e eu confio muito. Não só na Justiça, mas numa Justiça maior”, disse.
O apresentador Serginho Groinsman, durante a gravação, reforçou que a jovem precisou virar uma mulher com fala firme e segura devido à grande exposição da vida privada na mídia. “Ela diz que escolheu o ‘Altas Horas’ pelo acolhimento que o programa permite”, comentou.
Relembre o caso
Em junho de 2022, Klara Castanho contou que engravidou após um estupro e que a criança foi entregue para adoção. Ela publicou um texto nas redes sociais depois que seu nome foi parar nos assuntos mais comentados em meio a boatos. No relato, Klara diz ainda que sofreu com descaso da equipe médica e das enfermeiras que ajudaram no parto.
A apresentadora Antonia Fontenelle foi quem começou a revelar a história, ao usar as redes sociais para afirmar que uma ex-atriz mirim da Globo havia tido um filho e entregado para adoção. Ela criticou a jovem, afirmando que ela “não quis olhar para o rosto da criança”. Fontenelle disse ainda que a atriz, que ela não divulgou o nome, chegou a implorar para o colunista Leo Dias, do Metrópoles, não publicar a informação. Há cerca de uma semana, em entrevista a Danilo Gentili, Leo Dias parece fazer alusão ao caso, sem dar detalhes, nem citar nomes. “O karma vai ser pesado”, disse ele. “Envolve vidas”.
A carta aberta de Klara começa dizendo que esse é o relato mais difícil que ela já fez na vida. “Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada”.
A atriz afirmou que o estupro aconteceu quando estava longe da família, amigos e da sua cidade. “Não, eu não fiz boletim de ocorrência. Tive muita vergonha, me senti culpada. Tive a ilusão de que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse”, continuou.
Ela contou que tomou pílula do dia seguinte e fez alguns exames, mas continuou no seu cotidiano se sentindo “despedaçada”. Meses depois, ela começou a passar mal e descobriu que estava grávida, quase no término da gestação. “Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Não tinha ganhado peso e nem barriga”, descreveu. Ela conta que ao fazer o exame se sentiu “novamente violada, novamente culpada”.
Sabendo que faltava pouco para o parto, Klara conta que tomou a decisão de entregar a criança para adoção. Ela seguiu uma série de etapas obrigatórias, em processo que é sigiloso pela lei.
A atriz afirmou que a notícia foi divulgada com informações erradas e “ilações mentirosas e cruéis”. “Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei”, escreveu.
Klara entrou na Justiça contra Antônia Fontenelle e Léo Dias, mas a ação acabou sendo arquivada.