“Eu sempre soube que tinha uma coisa estranha aqui dentro.” É assim que a escritora Bia Garbato abre as portas da própria mente para que os leitores mergulhem no universo de quem convive com o transtorno de bipolaridade. Com textos dinâmicos e divertidos, ela conta no livro “Bipolar, Sim. Louca, Só Quando Eu Quero” (Matrix Editora, 185 páginas) sobre a doença para educar mais pessoas sobre o tema. Diagnosticada com o distúrbio que afeta cerca de 140 milhões de indivíduos no mundo, a autora contesta os estigmas sociais com bom humor e irreverência. “As pessoas não contam para todo mundo que têm diabetes? Por que eu não posso contar que sou bipolar?”, questiona. Mesmo aconselhada a esconder sua condição para evitar o preconceito, ela afirma acreditar na transparência como o caminho da autoaceitação e da conscientização. Bia é colunista no portal da Jovem Pan e escreve a cada duas semanas sobre questões do cotidiano.
“Quando fui diagnosticada, muita gente me aconselhou a encobrir a minha doença, como se fosse vergonha, alegando que iria chocar as pessoas e gerar preconceito. Estavam totalmente certos. O problema é que eu não consigo viver meias-verdades. Minha maior qualidade – e defeito – é a sinceridade. Eu precisava tanto digerir a questão, que contava para todo mundo. No ponto de ônibus: ‘É aqui que passa o 304? Sabia que eu sou bipolar?’. Ou na manicure: ‘Quero uma unha de cada cor. É que eu sou bipolar’”, relata em trecho do livro.
Segundo a autora, esse empoderamento foi conquistado a partir de um processo cheio de altos e baixos marcado por episódios de depressão e mania, os dois polos da bipolaridade. “O primeiro, bem conhecido, está relacionado com o sentimento constante de tristeza profunda. Já o estado maníaco pode ser traduzido como momentos de euforia expressiva, que geram muita instabilidade emocional, prejudicam o sono, favorecem os comportamentos de risco e intensificam os hábitos compulsivos”, explica.
O livro expõe as vulnerabilidades de uma mulher como tantas outras, afirma Bia, que lida com questões relacionadas à saúde mental, obesidade, sentimentos, como a inveja, a maternidade real e as imperfeições do casamento. Bia não é definida pela doença. Além de bipolar, ela é mãe, esposa, filha, irmã e uma escritora que, com o seu livro, diverte, informa e presta um serviço importante na luta contra o estigma que carrega a bipolaridade. O lançamento da obra será nesta terça-feira, 7, na Livraria da Travessa, que fica na rua dos Pinheiros, 513, em São Paulo, a partir das 18h30.