Mais de 300 agricultores e pecuaristas se reuniram neste final de semana na cidade de Feira de Santana, na Bahia, para discutir a ameaça do “abril vermelho”, como vem sendo chamada a ação do Movimento Sem Terra (MST) divulgada para o mês nas redes sociais, com série de ocupações previstas para todo o Estado. A origem do movimento de resistência contra o MST ocorreu na cidade de Santa Luzia, onde um grupo de fazendeiros impediu a ação de invasão do grupo. Desde então, o movimento cresceu, e associações de sindicatos rurais têm servido de base para reuniões. Atualmente, há no grupo 800 fazendeiros listados em 130 municípios do Estado, que possui 417 cidades ao todo. As principais cidades são Itabuna, Itapetingua, Eunápolis e Santo Antônio de Jesus.
Liege Bahia, produtora rural, acredita que a união dos agricultores pode fazer com que passem pelo mês de abril em paz. “Esse encontro é um marco histórico, porque é o início de toda uma união dos pecuaristas do agronegócio. E, na região de Feira de Santana, que é uma região bem central. Então, é um momento de muita alegria e esperança de que a gente possa atravessa esses abril vermelho em paz e que possamos, daqui em diante, dar continuidade a esse movimento que hoje se inicia”, comentou. O agricultor Marcos Moscoso conta que, se as invasões continuarem, poderá haver aumento nos valores dos alimentos. “Nós discordamos totalmente da questão das invasões, não da reforma agrária, e vamos estar cada dia mais unidos, cada dia em um número maior. Se eles vierem com mil, nós vamos com 5.000. Cabe apenas ao governo tentar apaziguar o campo, porque senão essa insegurança jurídica vai aumentar o preço dos alimentos”, diz.
Carlos Bahia, assessor jurídico da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), explica como o produtor se defender de ações do MST: “A defesa dos produtores passa por três linhas específicas: a primeira, defesa pessoal, utilizada pelo código civil, o produtor tem o dever e direito de se defender, sem extrapolar para a violência, mas para preservar sua posse e sua propriedade; tem, na polícia, uma segunda instância, porque cabe à polícia do Estado evitar a prática de qualquer crime, e invasão de terra é crime; e tem a confiança no Poder do Judiciário de que, uma vez instalada uma ocupação do MST em uma propriedade privada, ele continuará agindo, como tem feito até aqui, no nosso Estado”.
*Com informações do repórter André Muzell