O suspeito de matar a enfermeira Mariana Angélica Borges de Souza, 28 anos, e o namorado dela, André Couto Passos, 25 anos, confessou o crime em depoimento à polícia. O homem, identificado como David Silva Barbosa, 45 anos, tinha uma relação com a mãe de Mariana e afirmou que tinha ciúmes da maneira como a companheira tratava a filha única. David morava com mãe e filha havia cerca de sete anos no apartamento em Matatu de Brotas.
“Ele foi interrogado, acabamos de realizar o interrogatório dele, e ele confessa a prática do homicídio e do feminicídio. Ele alega que era humilhado no relacionamento, tinha muito ciúme da mãe, da relação entre mãe e filha, que a mãe era muito dedicada à filha única. Ele se sentia humilhado nessa relação, de morar na casa deles”, disse a delegada Pilly Dantas, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “Ele tinha certo ciúme das regalias que a mãe tinha atenção com a filha”. A mãe de Mariana ainda não foi ouvida pela polícia.
A delegada diz que houve uma briga durante a madrugada quando André estava na casa, trancado em um quarto com Mariana, e David arrombou a porta depois de ouvir risadas, acreditando que eram direcionadas a ele. “Ele disse que ouviu risos, chacota de dentro do quarto e reagiu a isso invadindo o local”.
“Houve uma discussão ontem durante a madrugada. Mariana estava com o namorado em casa, mas não seria nada relacionado a esse rapaz. Durante a discussão, ele invadiu o quarto dela, arrombou a porta, iniciaram a discussão, que foi se acalorando. Ele se defenderam dentro do possível, mas ele é realmente é uma pessoa alta, corpulenta, e passou a agredi-los com uma faca, inicialmente. Mariana foi lesionada primeiro, provavelmente morreu primeiro, continuou a luta corporal, todo apartamento quebrado, objetos, móveis, o rapaz tentou se defender, mas ele pegou um facão também e continuou as agressões até que o rapaz não teve condições mais de se defender”, acrescenta.
Assim que David entrou no quarto, a briga já se iniciou. “Ele arrombou a porta do quarto, ele nega que nesse primeiro momento já tenha entrado com a faca, mas há possibilidade dele já ter entrado com a faca na mão, e iniciou a briga”.
Segundo a delegada, David afirmou que Mariana interferia no relacionamento dele com a mãe dela. “Ele dizia que ela não queria que a mãe emprestasse cartão para ele fazer compras, queria que a mãe não fizesse comida para ele, que ele fizesse as coisas para ele. Todas trabalhavam, menos ele. Nada mais justo que ele lavasse a própria roupa, cozinhasse a própria comida, pois todo mundo tinha atividade laboral e ele estava em casa o dia todo”.
Relacionamento
De acordo com vizinhos, ele tinha um relacionamento com a mãe de Mariana, que não estava em casa no momento do duplo homicídio. “A mãe mora aí, mas trabalha durante a madrugada cuidando de uma idosa”, diz.
Uma outra vizinha, que também preferiu o anonimato, acordou com o barulho na residência onde o casal foi morto na madrugada. Ela afirma que os gritos eram muito altos e que a maioria das pessoas que moram próximo foram acordados pela situação.
“Foi muita confusão. Um barulho muito grande, com gente gritando por socorro depois das 3h. Gritou tão alto que acordou a vizinhança toda e chamaram a polícia, que chegou rápido. Porém, quando chegou, já tinha matado os dois”, conta ela.
Enfermeira
Mariana trabalhava como enfermeira no Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba). No instituto, a reportagem encontrou colegas de trabalho consternados com o caso que confirmaram que ela trabalhava no local, mas preferiram não dar mais informações sobre o tempo de trabalho dela por lá.
O Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA) também confirmou o vínculo de Mariana com a instituição e divulgou nota de pesar sobre o duplo homicídio que vitimou a ela e ao namorado.
“A perda de Mariana, que trabalhava no Iperba, e André é uma tragédia que abala não apenas seus familiares e amigos, mas também toda a comunidade. É uma lembrança dolorosa de como a violência sem sentido pode ceifar vidas preciosas, deixando um vazio que jamais será preenchido”, escreve.
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) também divulgou nota. “A Sesab lamenta mais um caso de feminicídio, se solidariza com os familiares e se coloca à disposição dos familiares. O caso é investigado é pela polícia”, publica através de assessoria.
Já André era servidor público.