O Brasil tem registrado avanços no combate à pobreza infantil, apesar dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19. No entanto, um levantamento divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revela que a taxa de analfabetismo entre as crianças dobrou — foi de 20%, em 2019, para 40%, em 2022 —, gerando preocupações em relação à educação no país. De acordo com o Relatório sobre a Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil, o Unicef utiliza seis direitos básicos —renda, educação, informação, água, saneamento e moradia — para avaliar a pobreza em crianças e adolescentes. Os dados foram obtidos a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora o Brasil tenha conseguido reduzir o percentual de crianças e adolescentes com privações, passando de 66,1% em 2016 para 60,3% em 2022, o Unicef considera que essa queda ainda é lenta. O relatório também aponta para as desigualdades regionais e raciais, com o Norte e o Nordeste apresentando os piores índices, e o Sul e o Sudeste, os melhores. No que diz respeito à educação, o relatório destaca um aumento no número de jovens de 4 a 17 anos na série adequada desde 2016. No entanto, em 2022, 3,4% deles ainda enfrentavam uma privação intermediária e 2,9% uma privação extrema. O Unicef ressalta a importância de uma interpretação cautelosa e contextualizada desses dados, considerando os impactos da pandemia e as medidas adotadas, como a aprovação automática.
Os resultados apresentados pelo Unicef reforçam a necessidade de investimentos e políticas públicas efetivas para garantir o acesso à educação de qualidade e combater o analfabetismo entre as crianças no Brasil. Segundo o relatório, é fundamental que sejam implementadas estratégias que promovam a inclusão e o desenvolvimento pleno de todas as crianças e adolescentes, independentemente de sua origem ou condição socioeconômica.