São Paulo — A primeira troca no secretariado do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), oficializada nesta quarta-feira (11/10) com a nomeação do empresário Guilherme Piai na pasta da Agricultura, tem como principal objetivo destravar, ainda neste ano, uma série de promessas de campanha que o governador fez ao Agro, setor que o apoiou em peso na eleição em 2022.
Guilherme Piai (foto em destaque) assume a cadeira do agora ex-secretário Antonio Junqueira, que vinha sendo alvo de queixas de Tarcísio e auxiliares por causa da demora em tirar do papel projetos considerados prioritários pelo governador. Fontes do governo afirmam que foi Junqueira quem pediu demissão, após enfrentar problemas de saúde e perder um familiar.
Com apenas 33 anos, Piai é visto como um “prodígio” pela equipe do governador. Empresário do setor imobiliário e produtor rural de Presidente Prudente, no interior paulista, ele coordenou a campanha de Tarcísio na região e é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com trânsito tanto entre a base bolsonarista da Assembleia Legislativa (Alesp) quanto entre a centro-direita tradicional do Estado.
Antes de ser nomeado secretário, ele comandou o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), onde passou a implementar um polêmico programa de regularização de terras elaborado na gestão do ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB). Em dois meses, tocou dez processos, referentes a 4 mil hectares. A lei que baseou a política foi contestada por partidos de oposição no Supremo Tribunal Federal (STF).
O desempenho foi suficiente para que Piai se cacifasse para auxiliar na Secretaria da Agricultura. Em setembro, ele foi indicado ao posto de secretário-executivo, o número 2 da pasta, no lugar de Marcos Renato Böttcher, um dos responsáveis pelo relatório que apontou um suposto esquema de fraudes em obras de estradas rurais contratadas durante o governo do PSDB.
Pacotão ao Agro Entre as promessas eleitorais que Tarcísio espera que o novo secretário da Agricultura tire do papel está a de levar conectividade ao produtor rural, vista como essencial para desenvolver tecnologias mais avançadas nas fazendas e aumentar a competitividade dos produtores rurais paulistas.
Outro projeto que o governador quer apresentar o quanto antes é uma linha de crédito para produtores rurais, uma espécie de Plano Safra paulista, que seria formado a partir de fundos de investimentos privados, com quotas negociadas no mercado financeiro.
Além disso, o governo vem desenvolvendo um programa que prevê a emissão de certificados para a produção orgânica paulista, com um selo de procedência para os produtores que seguissem técnicas pré-determinadas de produção sem agrotóxicos.
Na fila de entregas desejadas por Tarcísio há ainda uma expectativa de anúncio de vacinação de todo o rebanho paulista, erradicando a febre aftosa de São Paulo, e um pacote de novas legislações que devem facilitar ainda mais a regularização de terras. Os cálculos da secretaria são de que cerca de metade dos 400 mil pequenos e médios produtores do estado não têm a terra regularizada.