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Estoque de comida acaba em quatro dias; garoto de 11 anos grava vídeos pedindo para deixar o território pois ‘a gente pode morrer 12 de outubro de 2023 | 14:32
Os 28 brasileiros que estão na Faixa de Gaza –entre eles, uma idosa e 15 crianças – vão morrer de fome caso fracasse a tentativa do governo brasileiro de evacuá-las do território pela fronteira com o Egito.
O alerta é feito por diplomatas que acompanham a situação de perto, e que conversaram com a coluna. De acordo com informações recebidas pelo governo Lula, a situação é desesperadora.
Os estoques de comida da Unrwa, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, vão durar apenas mais quatro dias. É esse alimento que chega aos brasileiros.
A Unrwa, segundo os mesmos diplomatas, distribui comida para cerca de metade da população de Gaza, que sofre um bloqueio implacável de Israel.
Os alimentos, em tempos normais, são obtidos por meio de doações, inclusive do Brasil. Na guerra, no entanto, Israel bloqueou todas as entradas ao território, e a comida não está chegando.
Israel já avisou que não haverá luz, comida e nem mesmo água para Gaza enquanto o Hamas mantiver reféns no território. Lula já pediu por meio de carta que Israel crie corredores humanitários para a saída dos civis de Gaza, e também para a entrada de alimentos. Outros países, como o Egito, também pedem que haja segurança para o acesso de ajuda humanitária a Gaza. Até agora, em vão.
“Sim, eles vão morrer de fome”, afirmou um diplomata à coluna, sob a condição de anonimato.
O grupo de 28 brasileiros que está em Gaza foi abrigado em uma escola católica. O governo Lula já pediu a Israel que não bombardeie o local.
Eles têm se alimentado de queijo, pão, geléia e carne em fatias finas. “Um banquete nas atuais condições”, afirma uma pessoa que está em contato direto com os brasileiros de Gaza.
Ainda assim, as crianças agradecem. Veja, acima, o vídeo em que o garoto Bader, de 11 anos, elogia a escola, diz querer voltar para o Brasil e agradece o acolhimento na instituição escolar.
“Nessa escola eu me senti com muita segurança, porque aqui a gente não pode morrer. Aqui, o chão é limpo. Tudo é limpo. Muito obrigado, Brasil”, diz ele. “Aqui de Gaza a gente pode morrer. Lá no Brasil a gente vai estar em segurança”, segue.
As condições de vida dos palestinos brasileiros que tentam viajar ao Brasil são muito diferentes das dos brasileiros que estavam em Israel, e que já estão embarcando de volta ao Brasil em voos da FAB (Força Aérea Brasileira).
Eles não são turistas, nem têm qualquer dinheiro. São pessoas pobres, que moravam em Gaza por serem também cidadãos palestinos, e que viviam já em situação de extrema dificuldade.
O governo brasileiro tenta desde o começo da semana negociar com o Egito a passagem dos brasileiros pela fronteira do país árabe com Gaza.
O Egito, no entanto, reluta em ajudar pois teme que milhares de palestinos passem pela fronteira, transformando-se em refugiados.
Para piorar ainda mais a situação, Israel bombardeou a cidade de Rafah, por onde os brasileiros teriam que passar.
Mônica Bergamo, Folhapress