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Pacheco diz que espionagem na Abin é ‘algo gravíssimo que deve ser exemplarmente reprimido’

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 20, que o uso de uma instituição de Estado para realizar perseguição política é algo que deve ser punido. A fala foi realizada ao ser questionado sobre a Operação Última Milha, deflagrada pela Polícia Federal nesta manhã, que investiga servidores que utilizaram o sistema da Agência Brasileira de Inteligência para espionar celulares. “Acho que o trabalho da Justiça deve ser independente, igualmente da polícia, de investigação. Pelos indícios apresentados do uso de uma instituição de Estado para essa finalidade de perseguição política, é algo gravíssimo que deve ser exemplarmente reprimido”, disse o presidente do Senado.

Ainda no Congresso Nacional, o presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), emitiu nota repudiando a utilização do sistema para fins privados, políticos ou ideológicos. “A CCAI acompanha o caso e continuará agindo no controle externo das atividades de inteligência com o intuito de aprimorar o Sistema Brasileiro de Inteligência e coibir abusos e desvirtuamentos”, finalizou o comunicado. O tucano convidou o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, para participar da próxima reunião do colegiado, na quarta-feira, 25. “Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão”, afirmou a Polícia Federal, que na operação já realizou 25 mandados de busca e apreensão, duas prisões preventivas e cinco mandados de afastamento.

Como a Jovem Pan mostrou, a corporação também apreendeu mais de 171 mil dólares em espécie com um dos alvos da operação. A Agência Brasileira de Inteligência informou que a ferramenta de geolocalização de dispositivos móveis deixou de ser utilizada em maio de 2021 e que segue colaborando com as autoridades competentes desde o início da operação, em março de 2023. “A ABIN vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20). Foram afastados cautelarmente os servidores investigados”, reiterou a agência. A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da ABIN (INTELIS) publicou uma manifestação em defesa dos servidores, frisando a importância do trabalho que realizam e o direito à presunção de inocência até o fim das investigações. “A atividade dos servidores da ABIN, desde a sua criação, observa estritamente o disposto pela Constituição Federal de 1988. Estamos certos de que o corpo de servidores da Agência se pauta por conduta republicana e sob o amparo da lei”, escrevem. 

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