O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) volta a se reunir nesta quinta-feira, 26, para debater a guerra no Oriente Médio entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas. O conflito se iniciou no último dia 7, quando o movimento islamita atacou o território israelense. Até o momento, foram registrados ao menos 6.000 mortos, sendo 4.600 pelo lado palestino, na Faixa de Gaza, e 1.400 em Israel. O Brasil assumiu a presidência do Conselho de Segurança da ONU no último dia 1º. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores definiu que os principais temas pautados pelo país seriam a paz e a igualdade de gênero. Na última quarta-feira, 18, o conselho rejeitou a resolução do Brasil para a guerra no Oriente Médio. A proposta brasileira teve 12 votos a favor, um contra e duas abstenções, do Reino Unido e da Rússia. Os Estados Unidos foram os responsáveis por vetarem a proposta do Brasil, alegando que no texto não há menção ao direito de Israel se defender. Para que uma resolução seja aprovada, é preciso ter os votos de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho, incluindo os membros permanentes – Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos. Os países do conselho rotativo são: Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes.
O Conselho de Segurança é o único órgão capaz de autorizar o uso legítimo da força em caso de ameaças à paz, ruptura da paz e atos de agressão. A representação brasileira no conselho tentou costurar um texto que atendesse os membros permanentes. Na resolução, está a “condenação inequívoca” do Hamas por seus ataques a Israel, a libertação “imediata e incondicional” de todos os reféns civis, a revogação da ordem israelense para que civis e funcionários da ONU se desloquem para o sul de Gaza e pausas humanitárias para permitir o acesso à ajuda durante o conflito. Com a reunião, a diplomacia brasileira também pretendia colocar em votação uma resolução determinando a criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza.
O professor de relações internacionais Alexandre Pires avalia que é difícil superar as divergências dentro do conselho em relação ao Oriente Médio. “Não acredito em um cessar-fogo. Ainda que ele possa ser de muita curta duração, o que vai valer agora no momento é a posição dos Estados Unidos”, explicou. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vai presidir a sessão desta terça-feira, na qual pretende reforçar o apelo de adoção de ações humanitárias em Gaza. “Não é possível mais que continuem com uma carência absoluta de alimentos e água. Precisamos discutir essa questão antes que a situação se transforme em um problema humanitário de maior volume”, acrescentou.
*Com informações do repórter André Anelli.