O ex-presidente do Conselho de Segurança do Rio de Janeiro, Marcelo Rocha Monteiro, afirmou nesta terça-feira, 24, que a solução para os recentes ataques registrados no Estado é “deixar a polícia trabalhar”. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, Marcelo criticou uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proíbe operações policiais em comunidades. Segundo ele, a medida fortalece as organizações criminosas, que atuam nesses territórios. “Neste momento, o mais importante para o Rio de Janeiro é deixar as polícias trabalharem. Temos 1.406 comunidades no Estado dominadas pelo crime organizado. Mais ou menos 81% delas são dominadas pelas três facções principais do tráfico de drogas e cerca de 19% são controladas pela milícia. São aproximadamente 56 mil homens armados com fuzil, granada e outros tipos de armamento. Desde junho de 2020, por uma absurda decisão do STF, as polícias do Rio de Janeiro estão proibidas de fazer operações exatamente nesses territórios dominados pelo crime organizado”, explicou Marcelo.
Nesta segunda-feira, 23, a cidade do Rio de Janeiro registrou um recorde no número de ônibus incendiados em um único dia. De acordo com a Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas de transporte rodoviário do município, foram 35 veículos queimados. Um trem da SuperVia também foi danificado. Todos os casos ocorreram na Zona Oeste da capital. Os ataques aos ônibus foram uma retaliação de um grupo criminoso que opera na Zona Oeste. Isto porque, mais cedo, a polícia civil havia matado Matheus da Silva Rezende, conhecido por ser o número 2 da principal milícia da cidade – ele era sobrinho do miliciano Zinho. “Todo mundo que trabalha com segurança pública no Rio sabe que desde então essas organizações criminosas, tanto milícia quanto tráfico, só têm se fortalecido e expandido territorialmente. Esses ataques mostram exatamente o fortalecimento nos últimos anos. Se a polícia só pode atuar de caráter excepcional, é claro que essa organizações vão se fortalecer. O tráfico não vende drogas em caráter excepcional, vende droga cotidianamente. A milícia também lucra todo dia. E a polícia não pode atuar diariamente”, acrescentou o ex-presidente do Conselho de Segurança do Rio.