No último final de semana, cerca de 7.500 filhotes de tartaruga conseguiram migrar para o Rio Xingu após completar o ciclo de reprodução da espécie. O grupo denominado quelônios contava com tartarugas-da-Amazônia, tracajás e pitiús. Os animais foram acompanhados e monitorados por uma iniciativa da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio). Desde o começo do Programa de Conservação e Manejo de Quelônios da Usina, em 2011, pouco mais de 6 milhões de filhotes de tartaruga foram devolvidos à natureza. Três biólogos e 15 auxiliares do projeto acompanharam o ciclo de 2023, iniciado em agosto, quando se inicia o período de desova na Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre (Revis) Tabuleiro do Embaubal, no município de Senador José Porfírio, no Pará. A desova das espécies ocorre em 20 praias do Tabuleiro entre o final de agosto e novembro.
Para ajudar as tartaruguinhas a ingressarem na natureza, a Norte Energia realizou escavações na areia com a ajuda de um grupo de voluntários. A medida busca auxiliar o nascimento dos filhotes. Especialistas apontam que o ciclo de reprodução da tartaruga-da-Amazônia é mais sensível do que o de outras espécies. O Tabuleiro do Embaubal é considerado uma das maiores áreas de reprodução dessas espécies no mundo. “Este é um importante reduto de biodiversidade, abrigando grande variedade de espécies animais e vegetais, além de ser o local de maior desova de quelônios. Graças a esse trabalho em parceria com o Ideflor-Bio, todos os anos ajudamos que cerca de 500 mil quelônios nasçam e habitem o Xingu e seus afluentes, bem como o rio Amazonas, mantendo assim o objetivo de conservação das espécies”, explica Roberto Silva, gerente dos meios físico e biótico da Norte Energia.
Além da proteção quanto à ameaça dos predadores naturais, como aves, peixes e cobras, o trabalho de monitoramento da Norte Energia engloba ações educacionais com as comunidades da região para a conservação das espécies. Profissionais do Ideflor-Bio, em parceria com servidores da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e Secretarias Municipais de Meio Ambiente de Vitória do Xingu e Senador José Porfírio, intensificam as ações de fiscalização nas praias da região, para evitar a caça predatória e coleta dos ovos. “O maior desafio é garantir que elas sobrevivam. E pra isso a gente faz uma série de atividades. A fiscalização é a principal, porque o nosso pior inimigo aqui é o ser humano, por conta da caça ilegal da espécie e o consumo que há muito nas cidades vizinhas. Nisso a gente tem o auxílio da Norte Energia, que faz o monitoramento, que é o que a gente está fazendo aqui hoje, de encontrar todas as tartarugas que nascem”, conta Átilla Melo, técnico em Gestão Ambiental do Ideflor-Bio.