O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, expôs a divisão existente no Conselho de Administração da empresa, sobre o pagamento aos acionistas de dividendos extraordinários. A questão foi abordada em teleconferência com analistas do mercado financeiro, nesta sexta-feira (8/3).
Prates disse que os conselheiros ligados ao governo votaram por 100% para direcionar dos dividendos extraordinários para reserva de capital da empresa, que só pode ser usada para pagar dividendos futuros. Em contrapartida, acrescentou, os conselheiros privados votaram 100% pela distribuição aos acionistas.
“Eu, como presidente, me abstive de votar, porque não faria diferença para o resultado, e acompanhei o voto da minha diretoria que propôs 50%-50% (a diretoria não participa do Conselho, apenas faz a proposta para a votação)”, disse o presidente da estatal.
Dividendos são uma fatia de lucro da empresa repassada aos acionistas. Na quinta-feira (7/3) o Conselho de Administração da companhia recomendou a distribuição de dividendos equivalentes a R$ 14,2 bilhões, sem os valores extraordinários. Agora, a proposta será avaliada em Assembleia Geral Ordinária (AGO), prevista para ocorrer em 25 de abril.
A expectativa do mercado, no entanto, era bem diferente. Analistas do JP Morgan, por exemplo, esperavam que houvesse o pagamento de dividendos extraordinários entre US$ 2,5 bilhões e US$ 4 bilhões, além dos US$ 3,4 bilhões de dividendos mínimos. Com a quebra da previsão, as ações da Petrobras chegaram a desabar mais de 10% no pregão desta sexta, na Bolsa Brasileira (B3). No início da tarde, caíam cerca de 9%.
Nova distribuição Na teleconferência, Prates acrescentou que poderá haver uma nova distribuição de dividendos, já que isso está previsto nas regras da reserva de capital. “A gente pode fazer a distribuição de dividendos a qualquer momento. A novela continua”, afirmou. “Ela não acabou.”
Sergio Caetano Leite, diretor financeiro da Petrobras, destacou que a companhia tem um programa de aportes robusto, mas a reserva de capital não pode ser usada para investimentos.
Afirmou Leite, na teleconferência: “O objetivo (da reserva) é preservar o capital da empresa e o fluxo de caixa. O recurso para a reserva não pode ser usado para investimento. É para pagamento de dividendos. A apuração de dividendos extraordinários será sempre no fim do ano.
Venda de ativos No evento, Prates também abordou outro tema que se tornou polêmico no mercado: a eventual recompra de ativos por parte da Petrobras. “Não estamos aqui para ‘reestatizar’ e nem para privatizar, olhamos ativos para ver se faz sentido na estratégia”, disse.
Na quinta-feira, a Petrobras divulgou o balanço do último trimestre do ano passado, com um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões no ano de 2023. O resultado representou uma queda de 33,8% em relação ao ganho recorde de R$ 188,3 bilhões obtido em 2022.