O delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro na época do assassinato de Marielle Franco, planejou o crime “meticulosamente”, afirmou um relatório da Polícia Federal divulgado neste domingo (24/3). Segundo o documento, a Polícia Civil agiu com “desídia criminosa” e tramou para a investigação do assassinato de Marielle Franco ser “natimorta”, ou seja, não ter qualquer evolução.
Barbosa foi preso neste domingo, além dos irmãos Domingo e Chiquinho Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro e deputado federal, respectivamente. De acordo com a PF, os irmãos Brazão foram os mandantes do crime, ou seja, os “autores intelectuais” do assassinato.
Domingos Brazão
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão Tércio Teixeira/Flickr Domingos Brazão
Rivaldo Barbosa, ex chefe da Policia Civil do Rio de Janeiro – PCRJ
Ex-chefe da PCRJ Rivaldo Barbosa Fernando Frazão/Agência Brasil
Chiquinho Brazão – Portal da Câmara
Domingos Brazão Portal da Câmara
Rivaldo Barbosa
Ex-chefe da PCRJ Rivaldo Barbosa Fernando Frazão/Agência Brasil
Na decisão do ministro Alexandre de Moraes assinada neste sábado (23/3), que autorizou a operação, a PF afirmou: “Se verifica claramente que o crime foi idealizado pelos dois irmãos e meticulosamente planejado por Rivaldo. E aqui se justifica a qualificação de Rivaldo como autor do delito, uma vez que, apesar de não ter o idealizado, ele foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências”.
A PF apontou a participação de Barbosa na “arquitetura do delito”. O delegado assumiu a chefia da Polícia Civil apenas um dia antes do assassinato brutal da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Barbosa foi nomeado para o cargo pelo general Walter Braga Netto, então interventor na segurança pública do estado no governo Temer. Depois, Braga Netto seria ministro de Jair Bolsonaro e seu candidato a vice na campanha de reeleição.
Para a Polícia Federal, a cúpula da Polícia Civil sabotou as apurações já nas primeiras horas após o crime, as mais importantes para a investigação. “Os trabalhos de sabotagem se iniciaram no momento mais sensível da apuração do crime, as horas de ouro, o que ensejou a perda de elementos de convicção importantes”.
“A investigação dos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes foi, antes mesmo da prática do delito, talhada para ser natimorta”, afirmou o documento da PF.
Como mostrou a coluna, Rivaldo Barbosa já tirou fotos ao lado dos familiares de Marielle Franco, incluindo os pais da vereadora, e prometeu diversas vezes que solucionaria o caso.