Um tribunal japonês absolveu Iwao Hakamada, ex-boxeador de 88 anos, em um novo julgamento sobre um caso de assassinato quádruplo ocorrido em 1966. A decisão do Tribunal Distrital de Shizuoka reverteu uma condenação anterior que o mantinha no corredor da morte, tornando Hakamada o quinto condenado a ser considerado inocente na justiça criminal do Japão após a Segunda Guerra Mundial. O juiz destacou a existência de diversas evidências forjadas que levaram à sua condenação. Hakamada foi sentenciado em 1968 pela morte de um gerente de empresa e de três membros de sua família, passando quase cinco décadas encarcerado, sendo mais de 45 anos no corredor da morte. Em 2014, ele foi solto após um tribunal determinar que novas evidências indicavam que sua condenação se baseou em provas manipuladas. O novo julgamento foi resultado de uma decisão favorável em 2023, que reabriu o caso. Durante a investigação inicial, Hakamada negou as acusações, mas acabou confessando, alegando que sua declaração foi obtida sob tortura.
A controvérsia envolveu cinco peças de vestuário supostamente manchadas de sangue, que os investigadores afirmaram que ele usava no momento do crime. No entanto, uma decisão do Tribunal Superior de Tóquio em 2023 constatou que as roupas, que estavam embebidas em missô por mais de um ano, não apresentariam vestígios de sangue, apoiando a defesa de Hakamada. O advogado de Hakamada considerou a decisão do tribunal como um marco significativo e afirmou que a promotoria havia fabricado provas desde o início do processo. Apesar da absolvição, a maioria da população japonesa ainda é favorável à pena de morte, que é aplicada de forma sigilosa no país. Hideko Hakamada, irmã de Iwao, dedicou grande parte de sua vida à luta pela inocência do irmão e pediu uma revisão do sistema judicial para facilitar a realização de novos julgamentos.
Publicado por Luisa Cardoso
*Reportagem produzida com auxílio de IA