Acusados de assassinar o motorista de aplicativo Vágner de Souza Ferreira, 39 anos, os réus Marcia Eduarda Alecrim, 25, e Guilherme de Almeida Calixto, 22, foram condenados a 30 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado. A decisão foi assinada, nessa segunda-feira (14/10), pelo juiz Manoel Franklin Fonseca, da 1ª Vara Criminal do Gama. A dupla, que responde por latrocínio – roubo seguido de morte – cometido em dezembro de 2023, não poderá recorrer em liberdade.
A defesa de Guilherme pediu a anulação do interrogatório e o afastamento das circunstâncias que agravaram a pena dos condenados. Já os advogados de Marcia Eduarda pediram pela absolvição da acusada e pela desclassificação do crime de roubo, para que seja considerado furto. Dessa forma, a ré poderia cumprir a pena em regime inicial mais benéfico.
Ambas as defesas também pediram o reconhecimento de confissão espontânea dos acusados. Contudo, o juiz Manoel Franklin destacou que as provas confirmaram a autoria e materialidade do crime. Além disso, lembrou que os réus foram flagrados pela Polícia Militar de Goiás (PMGO) com o veículo da vítima e que, durante a abordagem, os PMs encontraram uma faca e uma arma de fogo falsa no carro.
Marcia Eduarda, então, confessou o crime e informou onde a dupla havia deixado o corpo da vítima. Assim, para o magistrado, ficou “devidamente comprovado nos autos que os acusados, mediante violência (golpes de arma branca) que provocou a morte da vítima, subtraíram o patrimônio” do motorista.
Relembre o caso
O casal foi preso logo após o crime conduzindo o carro da vítima, um HB20 prata. A dupla foi detida em flagrante pela PMGO. Segundo os militares, o veículo estava em atitude suspeita, pois transitava em alta velocidade nas proximidades do balão da Santa Maria.
De acordo com a Marcia, por volta de 22h do dia 30 de novembro, Guilherme pediu um Uber, em nome dele, para um shopping de Santa Maria, ao mesmo tempo em que ele combinava com outra pessoa para pegar o carro. Ela informou que entendeu que se tratava de um plano de assalto, mas o acompanhou por “insistência” do amigo.
Os dois embarcaram no veículo e quando chegaram ao Shopping de Santa Maria, Guilherme disfarçou e foi mandando o motorista seguir, até chegar em um setor de chácaras. Nesse momento, o criminoso, segundo a mulher, anunciou o assalto, mas o motorista começou a rir, dizendo que “sempre quis passar por aquilo”, achando que era brincadeira.
Contudo, o assaltante insistiu, e Vágner de Souza Ferreira destravou a porta. Guilherme teria descido e caminhado até a porta da vítima com um simulacro de arma de fogo. Márcia Alecrim afirma que os dois passaram a brigar, mas o autor conseguiu correr e o motorista teria tentado esfaqueá-la.
Ainda de acordo com a versão da presa, Guilherme voltou e começou a agredir o motorista, desferindo diversos golpes com a faca. Vágner de Souza Ferreira morreu na hora e o casal fugiu com o carro até ser abordado pela PM.
O criminoso estava com um corte na barriga e chegou a ser encaminhado ao hospital. Os dois foram presos em flagrante. O latrocínio foi registrado na 20ª Delegacia de Polícia (Gama).
Os dois já tinham passagens na polícia por tentativa de homicídio, roubo, lesão corporal e ameaça. A mulher já respondeu por tentativa de homicídio quando menor e lesão corporal e ameaça já com 24 anos. O homem colecionava passagem por assalto.
O que disse a Uber
O motorista morto a facadas trabalhava na Uber. Na época, a empresa de transporte por aplicativo lamentou, por meio de nota, que motoristas parceiros sejam alvo da violência que permeia nossa sociedade.
“A empresa permanece à disposição das autoridades para auxiliar no curso das investigações, nos termos da lei. A conta utilizada para solicitar a viagem foi desativada assim que a empresa tomou conhecimento do episódio”, ressaltou.