São Paulo – A três dias da votação do 2º turno à Prefeitura da capital paulista, a campanha de Guilherme Boulos (PSol) se divide entre a esperança de virada sobre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que lidera as pesquisas, e a caça às bruxas interna por culpados por uma eventual derrota nestas eleições.
Uma ala da campanha tem focado na possibilidade de virada diante da redução da distância entre Nunes e Boulos nas pesquisas. Tanto nos levantamentos internos, chamados de trackings, quanto na Quaest divulgada nessa quarta-feira (23/10), a diferença entre os dois caiu em relação à semana anterior. Na Quaest, a distância foi de 12 para 9 pontos, em uma margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
O entorno do psolista indica que na pesquisa espontânea feita pela Quaest, quando não são oferecidos os nomes dos candidatos aos entrevistados, 27% dos eleitores se declararam indecisos. O núcleo duro da campanha vê no percentual a chance de ainda converter votos a favor de Boulos, mesmo num prazo apertado até domingo.
A campanha deposita sua esperança de virada nas propagandas de rádio e TV com denúncias contra a gestão Nunes, na caravana feita nesta semana por Boulos pela periferia da cidade e na participação e desempenho dele no debate da TV Globo, na sexta (25/10), a dois dias da votação.
Nunes terminou o 1º turno à frente de Boulos por uma diferença de 25 mil votos. O prefeito recebeu 29,48% dos votos, enquanto o psolista ficou com 29,07%.
Caça às bruxas
Apesar da ala esperançosa, há também um grupo dentro da campanha que já tem buscado em quem pôr a culpa no caso de uma eventual derrota de Boulos. A maior crítica recai ao marqueteiro Lula Guimarães, sobretudo pelas diferenças de postura entre o candidato apresentado ao público em 2020 e o psolista que concorre à Prefeitura em 2024.
Para alguns aliados de Boulos, ele perdeu a espontaneidade em relação à campanha feita há quatro anos ao adotar um tom mais moderado. Na visão deles, isso afastou alguns dos eleitores menos ideológicos, ou seja, aqueles que não necessariamente são de esquerda, mas que simpatizavam com a figura de Boulos por representar uma ruptura com a forma tradicional de se fazer política.
Além disso, mesmo a postura mais moderada não ajudou a reduzir a alta rejeição de Boulos na cidade. Segundo o último Datafolha, o candidato do PSol é rejeitado por 56% dos eleitores, enquanto 35% rejeitam Nunes.
No entanto, os mais próximos a Lula Guimarães explicaram que todas as decisões foram tomadas de forma conjunta pela coordenação da campanha, e não somente pelo marqueteiro, e que o trabalho dele tem sido mais focado nas propagandas televisivas, que ainda geram grande retorno por atrair eleitores de fora da bolha.
Parte do grupo também reclama que Boulos teria sido blindado por sua equipe mais próxima, se tornando inacessível até mesmo para candidatos a vereador que buscavam ao menos um foto com ele para explorar nas respectivas campanhas.