São Paulo — Foragido há quatro anos, o traficante André do Rap, apontado como uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi visto recentemente em uma ilha do Caribe, de acordo com informações de inteligência da Polícia Militar. Condenado a 15 anos e seis meses de prisão por comandar o tráfico internacional da facção, André estaria vivendo vida de luxo, viajando para praias paradisíacas e gastando o dinheiro oriundo do crime.
A polícia, no entanto, ainda tenta entender onde o traficante estaria morando e como é a rotina dele desde que foi solto em 2020, por uma liminar do então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello. Oito horas após ser colocado em liberdade, o traficante teve o alvará de soltura cassado por Luiz Fux, então presidente da Corte. André do Rap, no entanto, nunca mais foi encontrado.
Desde então, autoridades do Ministério Público de São Paulo, das polícias Militar e Civil do estado e da Polícia Federal tentam descobrir o paradeiro do traficante. Uma das hipóteses é que ele teria se estabelecido na Bolívia, onde o PCC tenta ampliar os domínios e fortalecer as rotas de tráfico internacional de drogas.
Visitas ao Brasil
No Setor de Inteligência da PM, existe suspeitas de que, nos últimos quatro anos, André do Rap tenha vindo ao Brasil em mais de uma oportunidade para reencontrar amigos e familiares.
Ainda não se sabe quais meios de transporte teriam sido usados pelo traficante, nem como ele teria burlado a fiscalização das autoridades. As datas exatas em que teriam ocorrido os encontros também não foram informadas.
Tentando mapear a rede de fornecimento de droga na Bolívia e o possível paradeiro de André, a PM trouxe oficiais bolivianos para fazer um curso de inteligência em São Paulo. A corporação tem encontrado dificuldades para identificar homens de confiança no país vizinho que possam colaborar com as investigações.
A Bolívia é o ponto de partida das principais rotas do PCC para levar droga para o Brasil, seja pelo Paraguai ou diretamente, por meio da fronteira.
Os carregamentos de entorpecentes são transportados do Mato Grosso do Sul até o estado de São Paulo, onde são distribuídos para os mercados locais e encaminhados para o Porto de Santos. De lá, são exportados para os mercados internacionais.
Prisão, liberdade e fuga
Condenado em primeira instância, André do Rap foi preso preventivamente em 14 de setembro de 2019 em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em uma operação da Polícia Civil de São Paulo.
Ele foi localizado em uma mansão de luxo, onde havia dois helicópteros e uma lancha, avaliada em R$ 6 milhões.
Ao conceder a liminar que permitiu a soltura do traficante, em 10 de outubro de 2020, o ministro do STF Marco Aurélio Mello argumentou que a prisão preventiva de André do Rap não havia sido renovada.
Ao deixar a Penitenciária II de Presidente Venceslau, ele chegou a informar às autoridades que iria para uma casa no Guarujá, litoral sul de São Paulo. Segundo o MPSP, no entanto, ele foi direto para Maringá, no Paraná, onde teria embarcado em um avião privado com destino ao Paraguai.