São Paulo – A composição da Câmara Municipal da capital paulista em 2025, com 20 dos 55 vereadores sendo novatos, indica que os embates na casa legislativa serão ainda mais polarizados por causa do perfil dos novos parlamentares.
“Houve um crescimento na quantidade de parlamentares ideológicos e, também, midiáticos – tanto de esquerda quanto direita. O embate ideológico deve ser significativamente acentuado e nortear a Câmara na próxima legislatura, consequentemente gerando reflexos na atuação do Executivo”, disse o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), um dos nomes da direita reeleitos para o próximo ano.
Eleito pelo União, partido que coligou com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) nestas eleições, Rubinho rompeu com o prefeito no 1º turno para apoiar o influenciador Pablo Marçal (PRTB). Associado a pautas polêmicas, ele é apontado como um dos líderes do “G-Crazy”, como foi apelidado um grupo de vereadores de direita com destaque nas redes sociais.
Câmara à direita
Entre os integrantes do chamado “G-Crazy”, estão alguns dos vereadores mais votados em 2024, como os bolsonaristas Lucas Pavanato (PL), Sargento Nantes (PP), Zoe Martinez (PL) e Adrilles Jorge (União), além da integrante do MBL Amanda Vettorazzo (União). Todos eles são novatos.
O maior crescimento nos quadros da Câmara foi visto nos partidos de direita, enquanto a esquerda elegeu apenas uma cadeira a mais em relação à composição atual. No entanto, o perfil das novas bancadas de esquerda é visto como mais combativo com a chegada de novos vereadores.
“Se de um lado a direita ampliou sua composição, a esquerda teve um crescimento tímido, por mais que tenha recebido quadros mais estridentes”, disse Rubinho Nunes.
João Ananias (PT), vereador reeleito para a próxima legislatura, observa que o perfil mais incisivo dos vereadores de esquerda é uma “resposta” às políticas propostas pelos partidos de direita.
“A combatividade dos vereadores de esquerda é uma resposta necessária às políticas retrógradas e antidemocráticas da direita. Estamos prontos para lutar pelos direitos das trabalhadoras e trabalhadores, pela justiça social, mobilidade urbana, saúde, lazer e cultura e pela preservação do meio ambiente”, afirmou o petista.
Câmara à esquerda
Partido de Ananias, o PT elegeu 8 vereadores para 2025, mesma quantidade que havia sido eleita há quatro anos. Na atual legislatura, parte da bancada petista é vista como governista por votar com a gestão Nunes. No ano passado, por exemplo, o PT rachou na votação do Plano Diretor porque cinco de seus oito vereadores votaram a favor do projeto governista.
Arselino Tatto e Manoel Del Rio, dois dos que votaram a favor das mudanças propostas pelo governo para o Plano Diretor, não foram reeleitos. Já os novos quadros, Nabil Bonduki e Dheison, são vistos pelos colegas como nomes mais de oposição se comparados com os vereadores que não conseguiram se reeleger.
Além disso, outros novos quadros de esquerda são vistos como mais atuantes e dispostos, como o caso da cicloativista Renata Falzoni (PSB), da professora Marina Bragante (Rede) e das ativistas Amanda Paschoal (PSol) e Keit Lima (PSol).
“A próxima legislatura na Câmara Municipal de São Paulo será ainda mais polarizada, e eu, como vereador de oposição, estou pronto para encarar os desafios que isso trará, bem como buscar políticas públicas que possam melhorar a vida das pessoas”, disse Ananias.